O diretor Nelson Pereira dos Santos estréia diante das câmeras no documentário "Português, Língua do Brasil" longa de 70 minutos que ele dirige e no qual entrevista seus colegas de imortalidade na Academia Brasileira de Letras. O filme, previsto para estrear em 20 de julho, aniversário de 110 anos da Casa de Machado de Assis, é o primeiro de uma série de cinco, que pretende mapear os diversos falares de nosso idioma em todo o País. Este primeiro capítulo, orçado em R$ 450 mil e financiado pela Telemar com a lei estadual de incentivo à cultura, parte da ABL como referência da língua portuguesa.
"Os acadêmicos vão falar como especialistas e mostrar como se fala o português em seus respectivos Estados. Temos representantes de várias regiões e o formato de entrevista dá espontaneidade e fluência aos depoimentos", adianta Nelson Pereira, que não sabe ainda se vai dirigir os outros documentários, orçados em R$ 2,8 milhões, mas ainda em fase de captação. "Nunca apareci nos meus filmes, mesmo os documentários porque não era acadêmico até então. Aqui sou um deles e a minha presença na tela faz sentido."
Na última sexta-feira, ele entrevistou o presidente da ABL, o pernambucano Marcos Vilaça. Ufanista confesso, com seu acento carregado, ele discorreu sobre os sotaques e os significados de termos de lá, mas lembrou também que o português embora tenha particularidades, é um dos principais elementos da unidade do Brasil. Com isso concorda o filólogo e professor de literatura, também acadêmico, Domício Proença, consultor do documentário. "Eu, por exemplo, represento o falar carioca, com todos esses chiados", brinca. "Além dos regionalismos, a linguagem muda de acordo com o meio onde é empregada. Eu falo de uma forma na Academia e de outra na intimidade. Nossa intenção é mostrar que a língua não é estática e os estudiosos a observam como um biólogo a um ser vivo."
As filmagens de "Português, Língua do Brasil" devem terminar esta semana, quando terão gravado também Eduardo Portella, Evanildo Bechara, Nélida Piñon, Arnaldo Niskier e Lêdo Ivo, entre outros. Logo depois, o diretor mergulha em outro documentário, este duplo, sobre Tom Jobim. O projeto vem de 2005 e é feito em parceria com a família do compositor.
Diário do Comércio (SP) 13/3/2007
13/03/2007 - Atualizada em 12/03/2007