A julgar pelas pesquisas de opinião, Trump se saiu melhor do que Temer nestes cerca de seis meses de governo. Ou menos pior, digamos. No recente levantamento feito pelo “Washington Post-ABC News”, sua taxa de rejeição passou de 36% para 58%, e o índice de aprovação caiu de 42% em abril para 36%, agora. Não é, como se vê, um bom resultado, mas bem melhor do que o revelado pelo último Datafolha, em que apenas 7% do nosso eleitorado consideraram a gestão Temer boa ou ótima, um recorde negativo dos últimos 28 anos.
Já os que a classificaram como ruim ou péssima atingiram o índice de 69%.
Como se explica a “vitória” de Trump? — a seus discutíveis méritos ou ao fato de que o eleitorado americano talvez seja mais permissivo, mais complacente do que o brasileiro? O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, com certeza votaria na segunda hipótese, porque se disse “muito preocupado com o avanço da cultura punitiva no país”, esquecendo-se de considerar que este talvez seja o efeito da cultura da impunidade que imperou até o advento da Lava-Jato, sem que se reclamasse como alguns estão reclamando agora.
Bem ou mal, de uma maneira ou de outra, os dois presidentes estão pagando pelos pecados que cometeram nesse meio ano de gestão. Trump é alvo do que está sendo considerada a mais grave acusação já feita contra um chefe de Estado na Casa Branca, que é compartilhar com a Rússia informações secretas sobre terroristas do Estado Islâmico. Com a agravante de que o filho mais velho, o Trump Jr., admitiu ter se reunido com uma advogada russa para obter informações contra Hilary Clinton durante a campanha eleitoral.
Temer, por sua vez, foi o primeiro presidente a ser denunciado por corrupção passiva ao Supremo Tribunal Federal. Se conseguiu que o processo contra ele na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara fosse recusado, foi graças à substituição de 13 titulares, uma manobra que custou ao governo R$ 15 bilhões em emendas parlamentares para os deputados aliados.
Os americanos têm como consolo a saudade do antecessor. Os brasileiros nem isso.
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A que ponto chegamos no Rio. Quando o secretário de Segurança confessa que, se soubesse o que ia encontrar, não teria aceitado o cargo; quando o governador em exercício classifica a situação de “calamitosa”, e o prefeito se diz “indignado”, mas nenhum deles apresenta qualquer solução, a saída, a meu ver, é apelar para os chineses.
Como eles já estão dispostos a investir R$ 32 bilhões em vários empreendimentos — Cedae, aeroporto, Light, Oi, usina nuclear etc — quem sabe não compram tudo, a cidade e o estado? Mas a condição, ou seja, a contrapartida deve ser levar junto os governantes.