O ex-presidente Lula chega hoje diante do Juiz Sérgio Moro em Curitiba com uma série de derrotas em recursos ao Tribunal Regional Federal da 4 Região, e com um ambiente político francamente desfavorável. A reação das forças policiais contra os militantes que tentaram desobedecer a ordem judicial de não acampar nas imediações do local onde se dará a audiência colocou a opinião pública local contra Lula e seus seguidores.
Para encerrar suas desditas, com a recusa de adiamento do interrogatório e a negativa de filmagem própria da sessão, um juiz de Brasília ainda mandou fechar a sede do Instituto Lula, suspeita de ter sido local onde diversas atividades criminosas foram tramadas.
Encerrado o interrogatório, na suposição de que nada de anormal ocorrerá que determine uma decisão radical por parte do Juiz Sérgio Moro, a decisão sobre a condenação ou não de Lula no processo sobre o triplex do Guarujá sairá em cerca de 20 a 30 dias.
Finda a instrução, e se não houver mais provas a serem produzidas, as partes apresentam ao Juiz por escrito suas “alegações finais”, primeiro o Ministério Público em prazo de 5 dias e em seguida a defesa, que tem também 5 dias. Depois dessas "alegações finais" é que o juiz dá sua sentença, em um prazo de 10 dias.
Tudo indica que a decisão de Sérgio Moro deve sair antes do fim deste mês, levando, em caso de condenação, a defesa do ex-presidente Lula a recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). O tempo médio de uma ação no TRF4 tem sido de um ano e um mês, o menor tempo entre todos os TRFs.
O TRF-4 obteve o índice de 100% de eficiência entre os tribunais federais de segundo grau do país, de acordo com o Índice de Produtividade Comparada (IPC-Jus) divulgado em outubro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no relatório ‘Justiça em Números’. O TRF4 é o tribunal menos congestionado do país, com uma taxa de 51%. A Justiça Federal da 4ª Região (TRF4 e Seções Judiciárias) destaca-se também pelo alto percentual de processos em meio eletrônico, chegando no tribunal ao índice de 79%, o que ajuda a agilidade dos processos.
A partir de hoje, passa a contar o prazo para que uma eventual decisão contrária ao ex-presidente o torne inelegível pela Lei da Ficha Limpa, que determina que pessoas condenadas por um colegiado não podem se candidatar a cargos eletivos.
Somente a partir de 20 de julho e até 15 de agosto de 2018 os partidos estão autorizados a promover convenções para a definição dos candidatos. O objetivo dos petistas é lançar a candidatura de Lula o mais rápido possível para constranger os desembargadores do TRF4, contando que o ex-presidente continuará liderando as pesquisas eleitorais até lá.
Mesmo, porém, que Lula já seja o candidato do PT, e seja lançada sua candidatura no início do próximo ano, só a partir da convenção ela se tornará oficial. Se o TRF4 mantiver sua melhor média de 13 meses para uma decisão, em julho do próximo ano Lula já estaria inelegível e não poderia concorrer.
No entanto, se o período de decisão for maior do que a média, Lula pode só ficar inelegível em plena campanha presidencial ou, o que aumentaria a crise institucional, à vésperas da eleição. Segundo levantamentos feitos junto ao TRF-4, o julgamento mais rápido da 8 Turma teve a duração de sete meses, e o mais demorado de 21 meses.
Por isso a defesa de Lula tenta todos os recursos, agora ao Superior Tribunal de Justiça(STJ), para adiar o interrogatório. Quanto mais tempo ganhar, mais difícil fica a condenação em segunda instância a ponto de torná-lo inelegível. Mas aumenta também a sensação de fragilidade de sua defesa.