Passou metade da vida atrás de mulheres. A outra metade desperdiçou em outros ofícios, inclusive o de não fazer nada. Mesmo assim, respondendo a enquete de uma revista, declarou-se feliz e garantiu que seria mais feliz ainda porque havia muitas coisas que nunca deveriam ter sido feitas; e as mulheres, umas pelas outras, davam para o gasto.
O perfil desse meu amigo pode definir metade da população masculina mundial. Mesmo assim, a única ocupação da qual se orgulhava e tirava proveito era andar atrás do mulherio disponível ou indisponível.
Napoleão Bonaparte, ao desfraldar suas bandeiras em Marengo (segundo historiadores sua maior vitória, superior à de Austerlitz), confessou ao general Ney que conquistar uma mulher era melhor e mais prazeroso que uma vitória num campo de batalha.
Confesso que é um bom desperdício, mas fico com a primeira opção. Tive um colega no CPOR, mineiro de Varginha, que, sem saber, repetia Napoleão: tudo que não fosse dedicado às mulheres era, não só um desperdício, mas perda de tempo e de energia.
Na verdade, as duas opções (mulher e glória) são conquistas problemáticas e, muitas vezes, inúteis. As mulheres traem, fazem exigências e dificilmente estão satisfeitas.
A glória é sempre relativa: os historiadores divergem a respeito. O próprio Napoleão, apesar de suas vitórias, foi chamado de carniceiro. E a glória, periodicamente, é discutida ou negada pela história e pelos próprios contemporâneos. Brutus matou César, e dom Pedro 1º, ao proclamar a independência do Brasil, teve uma diarreia e assim começou a escrever a nossa história num papel higiênico.
De minha parte não dou muita bola para a glória. Prefiro desperdiçar o meu tempo com coisas melhores, inclusive livros, charutos e mulheres.