Remando mais uma vez contra a maré, confesso que não estou dando às eleições norte-americanas nem respeito nem entusiasmo: lamento que o país mais forte da atualidade, seja no campo militar ou econômico, esteja dando ao mundo um espetáculo tão deprimente e inútil.
O mundo deve à contribuição dos EUA o progresso da humanidade. Infelizmente, estão perdendo a oportunidade de ser um exemplo de humanismo e de educação cívica.
A baixaria da atual sucessão revela que os Estados Unidos, diferentemente do seu poder militar e econômico, estão perdendo a chance de abrir ao mundo um caminho moral e material para a humanidade.
Já não se fala na extinção dos índios que hoje se limitam a vender charutos à porta de restaurantes e botequins. A sucessão e a simultaneidade de tantas guerras e conflitos regionais revelam a incapacidade de os EUA criarem a pax universal pretendida pelas gerações passadas.
Temos a deprimente campanha entre Donald Trump e Hillary Clinton. Os dois candidatos principais, independentemente de suas qualidades pessoais, estão superando em muito o ritual democrático que já existe em determinadas partes do mundo.
Trump garante que, se for eleito, botará a concorrente na prisão. Evidente que terá motivos para isso. Não somente ele, mas grande parte da opinião pública, não entendeu até agora a complacência de Hillary no episódio sexual de Monica Lewinsky.
Se no Complexo do Alemão, um marido chegasse em casa de mancha de batom no colarinho, teríamos certamente um caso de morte. Clinton não chegou manchado de batom, mas suas roupas íntimas estavam manchadas de outras coisas mais comprometedoras.
À ideia de botar Hillary na prisão será necessário que Trump convoque o juiz Sergio Moro para esclarecer os fatos.