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Como a história se repete

 

O assassinato do prefeito Celso Daniel, em Santo André (SP), é um assunto recorrente até hoje. O PT recém-fundado abriu uma perspectiva de moralidade pública. Muita água rolou e não se sabe o que realmente aconteceu com os pioneiros do Partido dos Trabalhadores. Todas as suspeitas levavam para o roubo do dinheiro público promovido pelas autoridades locais.

Foi e continua sendo uma pedra no caminho do partido que representava uma esperança para a política nacional. Por acaso, eu estava relendo o diário de Joseph Goebbels, ministro da propaganda do regime nazista, autor fracassado, mas inteligente. Depois da derrota na Primeira Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, a Alemanha havia atingido o fundo do poço com a maior inflação de sua história e sem a possibilidade de dar a volta por cima. Enquanto Hitler concentrava todo seu ódio contra os judeus, Goebbels encarava o nazismo como uma redenção da alma e das tradições germânicas.

Não era flor que se cheirasse, mas num discurso famoso, quando tudo parecia favorável ao novo partido, Goebbels declarou: "A mulher alemã voltou a fazer crochê". Era o retorno às grandes lendas que haviam formado um dos países mais fortes do mundo. Bem verdade que as alemãs faziam agasalhos de crochê para proteger do frio os milhões de outras raças, sobretudo a dos judeus.

No caso do nosso doméstico PT, no poder há tanto tempo, inicialmente tudo parecia dar certo —programas sociais, ascensão da classe média etc. Contudo, a mulher brasileira ou não quis ou não soube fazer crochê. Pode ser que algumas ainda façam boinas e suéteres para proteger os principais líderes que enfrentam o rigor do inverno curitibano. Vestir os nus, afinal, é um preceito da caridade cristã. 

Folha de São Paulo (RJ), 01/10/2016