Os últimos dias evidenciaram uma crescente indecisão de Obama quanto às novas iniciativas para o abate do Isis. Depara-se uma “feminização” na abordagem do conflito, no enraizamento de novos contrapontos de força no Oriente Médio. De, logo, discurso de campanha de Hilary, ao se concentrar, por inteiro, no programa doméstico, sem qualquer pronunciamento sobre o protagonismo internacional do país.
Veem muitos, nesse contexto, o contraste de fundo no mundo Islâmico entre sunitas e xiitas, com a possível instrumentação aos primeiros pela Arábia Saudita, por uma manutenção do status quo na região. Até a estabilização de uma possível nova “Guerra Fria” no Oriente Médio. Os Estados Unidos, por sua vez, ensaiam uma aproximação com o presidente da Síria, no apoio possível contra os jihadistas do Isis, mas recentemente lideraram um ataque a posições do grupo terrorista no norte do país, numa ajuda indireta aos rebeldes anti-Assad, que também combatem o Estado Islâmico na região, e, quiçá, à própria Al-Nusra, braço da Al-Qaeda síria, que tem recrutas atuando no mesmo território.
A perplexidade com tudo isso vem de par com os novos abalos da União Europeia pelo recente posicionamento de Cameron, no Reino Unido, a sinalizar, até, com uma possível saída do país do grupo. Emergiria aí um inédito novo eixo de poder, numa provável dissociação nessa torna à direita, marcando uma instintiva reação defensiva à expansão e implante do Isis, na busca de um isolacionismo, por assim dizer, igualmente “fundamentalista”.
Em outra frente, quanto será difícil evitar, em Washington, a vitória republicana para a presidência, com toda a sequência do pior resíduo da “guerra de religiões” deflagrada pelo segundo governo Bush? Curiosamente, entretanto, ao se inscrever para a campanha presidencial, Jeb Bush, irmão do ex-presidente, parece se dissociar da linha trilhada por sua família. Ele aposta, por inteiro, nas credenciais de seu êxito como governador da Flórida, à procura de um resgate de toda a ideologia republicana e no caminho de uma plataforma legitimamente prospectiva para o partido. O contraste se torna claro, diante das candidaturas rivais de ex-cubanos, na melhor linha regressiva da legenda.
A esquerda, de toda forma, não vai exilar-se da Europa, graças ao desponte do movimento Cinco estrelas, na Itália, do Podemos, espanhol, e do Syriza, atualmente no poder da Grécia, ainda que o país se veja ameaçado de soçobrar, por sua insolvência, frente às rígidas regras do Banco Mundial. Em contraponto, o partido Podemos não tem ilusões sobre as dificuldades do caminho à frente, na mais realista das visões sobre os impasses do capitalismo na hoje vacilante civilização da afluência do Primeiro Mundo.