Na segunda, jantar no Cipriani, com Cândido Mendes, Hélio Jaguaribe e senhora, bom papo, até tarde. Domingo passado, nem lembro mais, fiquei pela primeira vez atrasado com as crônicas, pois tive de terminar a duras penas o trabalho encomendado sobre JK.
Pedreira brava, Beatriz pediu que eu nunca mais aceitasse escrever sobre JK, parece que dá azar. No meio de tudo, três idas ao dentista. Alívio danado em terminar o livro encomendado sobre JK. Teve parto complicado, tal como o "Memorial do Exílio", que escrevi em 1980.
Lembro o meu desespero a cada terça-feira, quando, entregava o capítulo para a publicação em fascículo, que sairia na quarta, junto com o número da semana da "Manchete", eu precisava me isolar aqui no gabinete, na velha máquina de escrever, organizar os textos de pesquisa, os apontamentos tomados desde os tempos em que JK vivia e eu convivia com ele, e redigir 22 a 25 laudas de texto compacto, para entregar na redação nas primeiras horas da manhã, providenciar e diagramar as fotos.
Tinha a impressão, a cada capítulo, de levantar um Boeing superlotado, não com a força dos reatores, mas com a força dos meus próprios braços. Um suplício, levantava da cadeira, tinha vontade de urrar, de bater com a cabeça nas paredes, nunca fui dado a histerismos, mas aquele foi o trabalho mais penoso que fiz.
Agora, por coincidência, tive o mesmo suplício, embora Anna Lee tenha feito o mais chato, que foi a digitação dos trechos dos livros de memórias de JK. Evidente que pensei na hipótese de uma suspeita de plágio, pois há trechos inteiros que são dos livros de memórias de JK, copidescados, atualizados e editados por mim. Mas afinal, fui o editor final de todos os quatro livros das memórias de JK, de maneira que, se roubei, roubei de mim mesmo.