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Exposição | Teresa Stengel: Handle with care

Sobre: 

Se algo caracteriza a arte múltipla de Teresa Stengel, esse algo é o seu caráter polifônico, palavra saída do universo da música, mas que descreve como nenhuma outra esse aspecto de simultaneidade, de vontade de apreender todo o mundo fenomenal que nos cerca num único momento, que entrou no mundo das artes através da poesia simbolista, invadindo depois o campo das artes plásticas. De fato, o mesmo objetivo de alcançar uma forma de polifonia que levou Mallarmé a adentrar a visualidade com o seu célebre poema Un coup de dés jamais n’abolira le hasard foi que levou à criação do cubismo, na sua busca de representar todas as faces de uma forma sobre uma tela bidimensional.

Quando Baudelaire escreveu o verso imortal: “Les parfums, les couleurs et les sons se répondent”, em seu soneto Correspondances, abria-se de fato a porta para esse mundo de sinestesias, de polifonia entre os sentidos, e, especialmente, de fusão entre todas as artes, nas mais variadas simbioses, nas mais múltiplas transparências, como encontramos na presente mostra de Teresa Stengel.

Se a visualidade tem uma presença maior em sua obra, a palavra nela está muito comumente presente, nos fragmentos verbais de que ela se utiliza em suas belas criações em resina acrílica, na reutilização de livros e demais reaproveitamentos gráficos, entre outras criações. No caso deHandebol with care, o tato – esse sentido tão pouco lembrado -  tem papel fundamental, um tato que se confunde com a escrita, já que se manifesta através do sistema com o qual o genial adolescente Louis Braille abriu para os seus companheiros de cegueira o mundo da leitura.

Infindáveis, inumeráveis, são, portanto, os resultados da polifonia plástica e conceitual da presente exposição, onde o espectador deve ser também um decifrador, um novo Édipo, agora não diante da Esfinge, mas diante dessas dezenas de seios translúcidos como os da estátua da assustadora Ártemis de Éfeso, essa Deusa-Mãe arcaica dos velhos gregos, inatingível até que a loucura de Heróstrato lhe fizesse arder o templo, na busca de imortalizar seu nome de louco, o que aliás conseguiu.

É, portanto, com a maior satisfação, que a Galeria Manuel Bandeira oferece ao público carioca essas ilimitadas sinestesias e correspondências da artista argentino-brasileira Teresa Stengel.