O Globo, 23/07/2005
Num discurso no qual misturou suas preocupações com as áreas política e social do país e a emoção de lembrar o amigo a quem homenageava, o sociólogo Hélio Jaguaribe tomou posse ontem na cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL), anteriormente ocupada pelo economista Celso Furtado. Jaguaribe, eleito em março deste ano para a ABL, iniciou sua fala lembrando a estima e a admiração nutridas por Furtado, que morreu em 20 de novembro de 2004.
- Há autores que se tornaram grandes porque escreveram grandes obras. Bem mais raro é o grupo dos que escreveram grandes obras porque eram grandes homens. Celso Furtado é certamente um desses - afirmou Jaguaribe sobre o economista, com quem manteve “estreita amizade por mais de meio século”.
Depois de prestar a homenagem ao amigo e antecessor na cadeira, o sociólogo, decano emérito do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (Iepes), fez reflexões sobre o acelerado processo de globalização, argumentando que ele traz embutido os riscos da perda das identidades nacionais. Avançando no tema, ele lembrou também a “terrível deficiência de integração social” no Brasil e terminou citando a necessidade de amplas e profundas reformas no sistema político atual, que gerou “uma classe política extremamente deficiente”.
O sociólogo já publicou cerca de 40 obras, metade delas de autoria individual. Fundador responsável pela cadeira de ciência política do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), Jaguaribe foi professor visitante das universidades de Harvard e Stanford e do MIT. De abril a setembro de 1992, foi secretário de Ciência e Tecnologia do governo Collor.
05/06/2006 - Atualizada em 04/06/2006
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