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Mão de obra qualificada

 

O ensino deve ser mais atraente para despertar o interesse do jovem. Ele precisa se interessar não apenas pelo emprego, pelo dinheiro, mas deve se envolver com o ensino propriamente dito. Hoje, a educação média demonstra evasão de quase 50% porque o estudante ingressa na escola e não tem interesse pelo que é ministrado. No passado, havia poucas vagas, e nem todos conseguiam cursar o ensino médio. Hoje, as vagas sobram. Anteriormente, quem não conseguia prosseguir com os estudos, ingressava diretamente no mercado de trabalho. Havia os jovens que estudavam e os que iam trabalhar. Mas, atualmente, para quem não tem estudo, o mercado é muito estreito. Sem estudo, as pessoas encontram apenas atividades secundárias. Nosso mercado está preparado para receber pessoas qualificadas.

Há grandes empresas estabelecendo-se no Rio de Janeiro e falta mão de obra especializada. Quando começou a construção da Companhia Siderúrgica, foram contratados 600 técnicos chineses que ocuparam lugar de cariocas que são da geração nem, nem. Então, os empregos existem. Há obras do governo estadual. A área de petróleo e gás apresenta grandes perspectivas. Mas é necessário que haja mão de obra qualificada. E é isso que a garotada ainda não percebeu. Eles acham que vai acontecer um milagre de repente, que um gênio vai arrumar excelente emprego para eles. Esses estudantes estão condenados a emprego de quinta categoria se não tiverem estudo. As oportunidades estão abertas àqueles que se qualificam.

O presidente Barack Obama prometeu recursos apreciáveis para o sistema de ensino dos EUA. Recomendou que os professores ensinassem aos alunos um segundo idioma e história. Ele acha que o sistema norte-americano está deficitário nas duas áreas. Esse é exemplo extraordinário. Precisamos insistir com os nossos alunos. Eles devem aprender um segundo idioma, que seria o inglês; e um terceiro, no caso, o espanhol, ou até mesmo o francês — há condições para isso. Outra recomendação é sobre história, disciplina importante para os alunos se situarem no mundo. Os jovens, hoje em dia, vivem uma realidade diminuta, pequena, que é só deles. E, desse modo, as perspectivas ficam diminutas também. O jovem deve estar com a mente aberta para o mundo, que cresce e se desenvolve, e do qual ele está apartado.

Fiz uma palestra na Confederação Nacional do Comércio em que mostrei deficiências da nossa educação. Por exemplo, a falta de tempo integral nas escolas. Hoje, o jovem fica duas ou três horas na escola e aprende muito pouco. Na educação básica, que começa no fundamental e vai até o ensino médio, os estudantes deveriam estudar das 7 às 17h, com intervalo para o almoço. A garotada deveria ficar na escola. Esse é aspecto fundamental. E outro ponto importante são os cursos de formação de professores, que precisam ser aprimorados. Os mestres são muito malformados. Os cursos de pedagogia estão falidos porque têm estruturas ultrapassadas e não se renovam. A formação de professores e especialistas precisa melhorar.

Quando integrei o Conselho Federal de Educação (CFE), tentei insistentemente fazer que os interessados se reunissem para que propusessem reforma ampla nos cursos de pedagogia. Isso foi há 20 anos. E eles resistiram. São corporativos, fechados, não querem mudar nada. As mudanças não chegaram à escola. Se observarmos, hoje, a biblioteca de um curso de pedagogia, verificaremos que é uma pobreza. Os poucos livros que existem são estrangeiros. O professor está assoberbado, trabalha muito, não tem tempo para estudar. E, quando vai a uma biblioteca, encontra muitos livros desnecessários. Essa é uma das razões da deficiência no ensino. Os cursos de pedagogia precisam se modernizar. Eles fazem parte da sociedade do futuro. Precisamos capacitar adequadamente os professores para que formem melhor os alunos: maus professores geram maus alunos.

O Imparcial (MA), 14/11/2014