Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > A razão de cada um

A razão de cada um

 

Não citarei Dilma Rousseff nem Aécio Neves eles que se entendam no próximo domingo (26), quando disputarão a Presidência da República. Vou mesmo de Charles Dickens e Jonathan Swift. O primeiro fundou um clube com o nome de um de seus personagens, o Clube Pickwick, que tinha centenas de sócios.

Numa excursão, um dos seus adeptos perguntou o que deviam fazer no caso de encontrarem outro grupo dando vivas para um concorrente. O mestre ensinou: "Gritem com aqueles que estão gritando". "E se houver dois grupos, um gritando viva e outro gritando morra?" Pickwick respondeu: "Gritem com aqueles que estão gritando mais forte".

No tempo do mestre não havia carros de som, nem rádio nem tevês. Ganhava-se no peito, botando os podres do adversário em destaque. Analisando-se o passado de cada um deles, ambos mereceriam cadeia, em casos mais específicos, prisão perpétua ou forca.

Não seria necessário suspender a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa para estabelecer pena mais severa. Tampouco a polícia federal daquele tempo precisaria ser convocada.

Swift fez Gulliver dar com os costados em Liliput, terra de anões, que estavam em guerra secular com os anões de outra parte da ilha. Guerra sangrenta e medonha. O rei pediu que Gulliver, com o seu tamanho e força participasse da luta, mas o gigante quis saber o motivo daquela carnificina. O rei explicou que, no café da manhã, seu povo cortava o ovo cozido pela parte de baixo, os inimigos cortavam o ovo pela parte de cima.

Gulliver pensou um pouco e perguntou: "Por acaso, não há uma lei que determine o modo correto de cortar os ovos?" O rei se espantou: "É lógico. O artigo primeiro da nossa Constituição diz claramente: " Os ovos devem ser cortados pelo lado certo!"

Folha de S. Paulo (RJ), 21/10/2014