A previsão mais provável, daqui até as eleições, parece o de um anticlímax a perseguir as candidaturas. E, de saída, pela ameaça das contradições nas campanhas oposicionistas e, em especial, por uma tensão interna que ora surge entre as propostas do PSB e as da Rede. Tal, inclusive, na criação de um contraponto dos seus responsáveis pela pregação temática, a indicar a pressão latente nos caminhos da opção à esquerda contra o status quo. Qual a expectativa de normalização na frente comum e em que medida o maior rigor socialista de Campos enfrentará o ideário utópico do discurso de Marina?
Progride, hoje, o sentimento de que uma verdadeira esquerda não nascerá após o PT, mas no avanço da própria legenda, e começam a se reforçar as autocríticas, atentando tanto ao inevitável desgaste no poder, quanto à presença do Estado na infraestrutura do aparelho da produção. E é nesse horizonte que muitos dos eleitores do PSB declaram que optariam pela chapa petista se fosse Lula o candidato.
De outra parte, ainda, essa esquerda do PSB até agora não se manifestou sobre os níveis de redistribuição da renda nacional, e o tema da injustiça coletiva permanece no seu clamor retórico, no dueto, também, entre Campos e Aécio.
Deparamos, ao mesmo tempo, ao chegarmos ao meio do ano, o esgotamento na mobilização popular em torno dos moralismos anticorrupção. O vendava! das denúncias da Petrobras não multiplicou o impacto dos desmandos do Mensalão sobre o estrato da opinião pública, já exposto e vacinado a esse comezinho dos tráfegos de poder e da locupletação dos seus beneficiários.
Da mesma forma, as próximas semanas evidenciam o desencontro quanto às expectativas, frente à reeleição, de um ganho da Copa ou de sua perda. Cresce o sentimento quanto ao descalabro de gastos, a mostrar o amadurecimento da consciência política emergente. A perda da taça não será uma catástrofe para Dilma.
Atente-se, ainda, a que a atual queda de 6% do apoio eleitoral da presidenta não é calamitosa, tanto quanto esse anticlímax deve permanecer nos próximos meses. Não há cartas na manga das oposições, nem esperas táticas, e o quadro inercial pereniza toda guinada de campanha. O País anti-Dilma já entrou todo em campo, e o País de Lula não precisa se assustar.
Jornal do Commercio(RJ), 1/5/2014