Hás alguns anos, isso parecia impossível. Os responsáveis pela aplicação da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura não queriam nem ouvir falar de projetos que passavam pela Educação. A argumentação era tola: “Educação não tem nada a ver com Cultura.” Sabe-se exatamente que elas são siamesas, uma não pode viver sem a outra.
Ao tomar conhecimento, pela professora Maria Eugênia Stein, da existência do projeto “Acervos museológicos”, de responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, com apoio na Lei Rouanet, fizemos questão desse registro. O Instituto Minaspelapaz, em boa hora, levou a termo a ideia de democratização do acesso e formação de agentes culturais”, com pleno sucesso. Quando se quer, se faz.
Tomando como escopo a capacidade de inovar, para alunos e professores, o projeto foi estruturado em quatro pilares. O primeiro deles foi uma pesquisa de campo realizada em 2010 pelo Instituto Vox Populi, visando ao conhecimento do perfil dos professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. A pesquisa também se estendeu ao conhecimento do grau de interesse e disponibilidade dos professores, alunos e familiares, na frequência de visitas aos espaços culturais existentes na capital mineira. Assim, seria possível ampliar os potenciais e as respectivas programações.
A segunda etapa foi a realização de um curso de pós-graduação em Gestão de Projetos Culturais, na PUC/Minas, trabalhando com 240 educadores. Num processo de círculos concêntricos, os primeiros beneficiados treinariam os demais integrantes do sistema, repassando conhecimentos.
O terceiro pilar é o Programa de Imersão Cultural, estimulando os estudantes, com a ajuda dos professores, a intensificar as visitas aos espaços culturais existentes e o quarto pilar é a Olimpíada Cultural, que não faria sentido se fosse uma iniciativa isolada, dissociada dos demais itens. Na avaliação final, verifica-se como os alunos saem fortalecidos, na sua capacidade de traduzir, em diferentes formas de expressão, os estímulos recebidos.
O que é saudável, nisso tudo, é a presença da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e o patrocínio de empresas do porte da Fiat, Contax, Usiminas, Gerdau e Oi Futuro. Assim se gerou a possibilidade de uma adequada sinergia, tornando possível a realização vitoriosa desse importante evento, que conta também, para ilustrar os seus módulos, com a elaboração de uma série de vídeos, muito em narrados pelo ator carioca Isio Ghelman.
Se a iniciativa merece, pois, os nossos elogios, não se pode deixar de lamentar que ela seja um feito raro, circunscrito à capital mineira. O ideal seria que, ainda com o estímulo da Lei Rouanet, outras cidades fossem beneficiadas, sabendo-se como são raros ou espaçados os incentivos ao aproveitamento do que temos como acervos culturais. O potencial para isso é extraordinário.
Jornal do Commercio (RJ), 7/6/2013