A julgar pelas informações até agora reveladas, as explosões ocorridas em Boston e, possivelmente, no Texas parecem de fato atos terroristas, mas amadores, sem a sofisticação que ficou escancarada no episódio do WTC. Aparentemente, não há uma organização como a Al Qaeda por trás das bombas caseiras que aumentaram a paranoia norte-americana.
No 11 de Setembro, o atentado mostrou que os adversários (ou inimigos) dos EUA optaram por um desafio frontal, em nível de guerra entre Estados.
Apesar dos estragos feitos em Nova York e em Washington, o gigante não caiu de joelhos pedindo clemência aos atacantes. Levou dez anos, mas reagiu; se não desmantelou a organização terrorista, pelo menos eliminou seu principal comandante.
Parece que a lição foi aprendida: não há condições para um grupo, seja ele qual for, tentar desestabilizar a hegemonia norte-americana na base do confronto militar.
Tal como aconteceu com o Império Romano, o caminho é conhecido: as guerrilhas, os ataques periódicos que pouco a pouco podem enfraquecer o alvo desejado até a sua queda definitiva.
Na Antiguidade, nem mesmo a poderosa Cartago conseguiu destruir o império dos césares, embora os elefantes de Aníbal tenham chegado até Cápua, nas proximidades de Roma. Com a vastidão das falanges romanas ocupando quase toda a parte ocidental do mundo então conhecido, a solução foram os episódios de desgaste liderados por aqueles que eram chamados de "bárbaros".
Pouco a pouco, chegaram às portas da "caput mundi", saquearam a cidade, Átila e Asterix, na história e na ficção, mostraram que é possível bagunçar o domínio do mais forte. Uma bomba aqui, outra ali, e a "pax" da nova Roma pode acabar com a velha tática do morde e assopra.
Folha de S. Paulo (RJ), 21/4/2013