Equilibrado, de natureza conciliatória, FHC parece que perdeu um pouco de sua paciência e deitou falação contra a falta de união do PSDB, do qual é presidente de honra e seu maior expoente.
O problema dos tucanos não é exclusivo. Também o PT, apesar da liderança e do estilo centralizador de Lula, estará atravessando um desafio até então inédito em sua história. Não se pode prever os prejuízos que o mensalão deixou em suas fileiras, o fato é que estamos diante de um episódio novo, que pode rachar a decantada unidade partidária.
Tal como aconteceu com o velho partidão, até o ano que vem pode surgir um PT do B, uma ala dissidente que escapará da influência imperial de Lula, que agora tem um nome alternativo e de peso: a presidente Dilma, que vem com tudo, inclusive vontade, para se reeleger.
O PMDB consultará a sua bússola de bolso que indicará o caminho bússola que vem funcionando desde que acabou a missão histórica que exerceu nos tempos da ditadura. Não tendo condições para aspirar ao poder absoluto, adotou a proximidade da mesa presidencial e participa do bródio político com o apetite de sempre.
As decisões finais ficarão a cargo dos donos dos principais partidos. FHC tem razão quando cobra a união e o fim das divergências internas do seu partido. Quanto a Lula, depois de ter exercido com sucesso a função de aprendiz de feiticeiro, elegendo Dilma, pode ter esquecido a fórmula de desmanchar o encanto da própria feitiçaria, tendo contas a ajustar com os detritos do mensalão que o ameaçam com as denúncias de Marcos Valério.
Correndo por fora, mas cada vez mais dentro, Eduardo Campos vem com a força do Nordeste e de seu avô, temendo apenas um outro neto que vem de Minas, que sempre esteve quando precisava estar.
Folha de S. Paulo (RJ), 9/4/2013