Voltou à discussão nos meios acadêmicos a validade das adaptações de obras da literatura universal para o chamado público infanto-juvenil, na maioria em fase escolar. Tempos atrás, houve um escândalo quando, num vestibular em São Paulo, caiu o texto de uma música do Tiririca, que por sinal, tinha um caráter racista.
Pais de alunos protestaram, as autoridades do ensino alegaram que os jovens não conhecem nem se interessam pelos clássicos nacionais. De nada adianta escolher um texto de Machado de Assis ou um poema de Gonçalves Dias. A letra de uma música popular, tocada nos rádios ou nos festivais, não apenas é conhecida mas, também, admirada.
Temos autores populares como Vinicius de Moraes, Noel Rosa, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Cartola e muitíssimos outros que poderiam frequentar as antologias escolares.
Quanto as adaptações, o pessoal da minha geração tomou conhecimento das obras-primas universais, como "Dom Quixote", "Gulliver" e quase todo o Júlio Verne, nas adaptações de Monteiro Lobato.
Algumas editoras brasileiras já publicaram centenas de clássicos em formato de bolso, com textos de Rubem Braga, que adaptou "Os Lusíadas", Clarice Lispector, Orígenes Lessa, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Herberto Salles, Marques Rebelo, Lima Barreto, Coelho Neto, Afrânio Peixoto, Lúcio Cardoso, Dias Gomes, José Lins do Rego, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Olavo Bilac, Graciliano Ramos, Joaquim Nabuco, José de Alencar, Euclides da Cunha etc.
Sem querer comparação com tantos e tais monstros sagrados, fiz também algumas adaptações e embora tenha textos para marmanjos desavisados, o livro que mais vendeu (42 edições), foi "História de amor". E considero a adaptação que fiz de "Moby Dick" o melhor texto que escrevi.
Folha de S. Paulo(RJ), 11/5/2014