Com a presença de autoridades e especialistas, a Fundação Getúlio Vargas realizou em sua sede, no Rio de Janeiro, o seminário nacional “Desafios educacionais com foco na inovação”, sob a coordenação dos professores Fátima Bayma e Antonio Freitas. Foi uma excelente oportunidade para debater os nossos principais problemas, partindo da premissa de que o ensino fundamental, quanto ao atendimento, vai bem, obrigado. Está praticamente universalizado. A questão toda se concentra na qualidade do que é ministrado, com a certeza de que operamos com uma enorme precariedade na área do magistério. Outra certeza é a de que temos um ensino médio caótico, precisando de um ajuste urgente. Há muita desistência nesse segmento e as causas são variadas. A principal delas é o declarado desinteresse dos estudantes pelo enxundioso currículo com que se veem às voltas, hoje com 13 matérias (há projetos para ampliar ainda mais esse número). O pensamento dos jovens é bastante objetivo: pra que vou me dedicar a tantos assuntos que aparentemente não têm nada a ver com o que vou me envolver, no ensino superior?
No seminário da FGV, de que participei, o foco principal foi a inovação. Pode ser que a expressão provenha dos Estados Unidos, com a sua portentosa economia, apesar da crise dos dias de hoje, mas isso não é o que interessa. O fato é que precisamos acordar para a realização dessa ampla reforma, dosada inteligentemente pela experiência da inovação, como muito bem salientou o senador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação. Ele foi muito enfático ao proclamar que não está otimista com a aprovação do novo Plano Nacional de Educação, “nem com o que isso possa representar na ampliação dos recursos financeiros destinados a essa área prioritária.”
Aproveitei o ensejo para afirmar que os Planos anteriores, nunca totalmente implementados, também deixaram muito a desejar, em especial quando enfatizaram metas quantitativas. O melhor exemplo é o da alfabetização de adultos. Já houve várias datas para acabar com isso e hoje ainda temos 13 milhões de analfabetos acima dos 15 anos de idade, sem que se vislumbre a chamada luz no fim do túnel.
Foram anunciadas práticas pedagógicas bem sucedidas e seus resultados, mas é uma pena que sejam exceções à regra e muito foi dito sobre a educação profissional, com o olhar empresarial voltado para a educação. Foi a vez de falar do professor Roberto Boclin, presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, e que tem uma larga experiência no tema, em virtude dos muitos anos em que presidiu o Senai. Há campo para a ampliação desses projetos, sobretudo com a participação do Sistema S, como deseja o governo federal. Os entendimentos havidos chegaram a bom termo.
Para finalizar, houve a mesa redonda, em que pude expressar minha opinião, ao lado do acadêmico Marcos Vilaça, a propósito da importância da divulgação da cultura brasileira no âmbito internacional. São muito escassos os exemplos de ações positivas do governo brasileiro, nesse campo. Faltam materiais de divulgação, como livros, cartazes e vídeos.
Jornal do Commercio (RJ), 09/11/2012