Há muitas reclamações de que a Rio 92 não trouxe resultados concretos e que a Rio+20 talvez acabe na mesma situação, apesar da presença de tantos chefes de Estado. Não foi diminuído o efeito do monóxido de carbono em nossas vidas e hoje, mais do que questionar o significado da palavra, discute-se a modernidade do termo sustentabilidade, que nem é tão moderno assim. No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, edição de 2004, lá está o verbete, impávido, na página 741. Não é, pois, uma grande novidade.
As convenções do Clima e da Biodiversidade, a que se pode acrescentar o Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos se recusaram a assinar, não passaram de letra morta. O apelo para a redução de emissão de gases responsáveis pelo aquecimento da Terra, com uma tentativa de calendário universal, não resultaram em nada concreto. A frase “O Futuro que Queremos” ainda é somente uma esperança da humanidade, mesmo reconhecendo a importância da energia como fator fundamental para o desenvolvimento sustentável. Gases que provocam o efeito estufa alimentam uma competição entre as duas maiores economias do mundo: a China, nesse quesito, já ultrapassou os Estados Unidos, enquanto o Brasil oferece a todos a alternativa saudável da produção de etanol da cana de açúcar e em outros países há uma grande simpatia pela energia eólica.
Nosso planeta finito está doente. Há cura em perspectiva? Ignacy Sachs, defensor da sustentabilidade e da economia verde, aconselha prudência ambiental, na revista Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (edição de abril de 2012). Segundo ele, temos pela frente dois grandes desafios: 1) conter a mudança climática; 2) dar fim ao escândalo da desigualdade abissal nas condições de vida existentes entre as nações.
Para o professor da Escola de Altos Estudos de Paris, “a humanidade encontra-se numa encruzilhada. Se o aquecimento decorrente de causas antropogênicas não for contido a tempo, nossos descendentes poderão enfrentar mudanças climáticas deletérias, ou mesmo catastróficas, que ameaçarão a própria sobrevivência da nossa espécie, sem falar na probabilidade de guerras e terríveis conflitos sociais e políticos.”
O planejamento, sobretudo das questões ecológicas, não deve ser desprezado na era do computador. Não queremos ser senhores da Natureza, mas devemos com ela colaborar, para que se assegure um mundo melhor.
Não se deve opor restrições à exploração das reservas petrolíferas do pré-sal, mas é preciso agir com a máxima atenção no que se refere à prevenção de acidentes ecológicos potencialmente perigosos. Aqui entra a nossa preocupação com os aspectos ainda descurados de educação oferecida aos nossos jovens. Embora existam hoje muitos cursos de petróleo e gás, procurando formar recursos humanos desejados, há que se valorizar, nos estudos realizados, a Revolução Verde que irá instalar o sistema de produção dentro dos ecossistemas. A nossa educação deve se voltar também para essa preocupação estratégica.
Jornal do Commercio (RJ), 1/6/2012