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ESEM + 20

 

Vale muito a curiosidade pelo que irão operar as redes escolares brasileiras no acompanhamento crítico da "Rio + 20". Sem o envolvimento estudantil, sobretudo do alunado do ensino médio, perderão substância as campanhas necessárias por tornar o tema da sustentabilidade comum às preocupações das famílias.
 
Sem o interesse dos moços não prospera a campanha. É a aposta no futuro. Por isso persigo o trabalho de avaliação, de participação da juventude seja no que for. É mais do que usar termômetro ou tensiômetro.

Aprendi isso nos belos tempos em que, mesmo lateralmente, participei da política partidária. Meus líderes sempre me chamaram a atenção para esse posicionamento. A juventude ainda não tem a experiência camoniana do saber, mas tem a musculatura do impulso. Joaquim Nabuco chamava a atenção para que distinguisse impulso do músculo da sustentação observando que no moço o primeiro predomina sobre o segundo, que é mais próprio aos amadurecidos.

Agente observa isso nas composições da academias de letras. Dá gosto ver, mesmo naqueles que sentam no cadeiral machadeano recobertos de vivências, como qualquer pontinha verde brota nas discussões e nos projetos. A inovação, nunca apenas pelo gosto exótico da novidade, vem mais da raiz robusta que os moços detêm. Daí ter defendido, quando isto foi necessário, que a Academia Brasileira de Letras atentasse para o contributo energético dos moços. Equilibrar experiência - para não fazer besteira - e ação fazedora - para não se perder em mesmices é uma  boa regra.

Pois bem, é do conhecimento dos que estão mais próximos de mim  que  minhas paixões cariocas - são muitas - sempre estão lideradas pela Academia, pelo Fluminense, pela FGV e pela Escola Sesc de Ensino Médio (Esem).

Tive, no meu tempo de amadurecimento, as aulas de ginásio de Limoeiro, a saudosa escola. Saudosa, porém, incompleta. Por isso quando desvisto o papel pedagógico ou até mesmo civilizador do que se passa na quase completude da Esem, alegro-me ainda que não de todo. De quase todo, pensando que não tive a sorte daqueles alunos, cercados do carinho de um notável corpo docente e de eficiência de uma bem bolada concepção de ensino, na Esem.

Agora mesmo, trabalha-se na Esem para tirar o melhor proveito da Rio + 20. Saber compreender o meio ambiente estendido a um plano de aula, com astúcia e muita sabedoria é o terreno a conquistar.

Não se pensa em desfile, festança, comemorações sob o foguetório, mas em ampliar a percepção, escutar ensinamento de grandes mestres - até do Exterior - praticar atividades recreativas ou de intenção, orientados por objetivos bem escolhidos.

Todo mundo está participando: direção, professores, estudantes, funcionários. Todo mundo interagindo. Todo mundo a serviço da grande causa. A ninguém é dado o direito de pensar que o futuro é uma dádiva. Sabe-se que o futuro é uma conquista.

O Pisa - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - deve se articular com entidades brasileiras e melhor se inteirar do papel da Esem. Agora, irão fiscalizar 900 escolas no Brasil, envolvendo 25.000 alunos, é bom que ponham os olhos de observação na Esem.

Jornal do Commercio (RJ), 28/5/2012