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Otimismo com o país de Dilma

 

Há faxina contra a corrupção, uma nova política externa, mais renda e menos clientelismo. Avança a democracia, com o CNJ e com as ações do BC.
 
O ano de 2012 representa, para o governo Dilma, um marco da consolidação indiscutível de uma política de desenvolvimento sustentado, em nítido avanço em comparação com o governo anterior.

E, de saída, há reforço de suas determinantes políticas que evidenciam a consolidação de um presidencialismo de coalizão.

O governo se destaca, de vez, das tentações dos partidos dominantes, avulta sobre o PT e enquadra os sistemas de maiorias disciplinadas, a superar uma etapa do nosso subdesenvolvimento no plano de poder. Ou seja, descartando a política de clientela, na velha acomodação dos ganhadores da hora ao botim dos dinheiros públicos.

Deflagrou-se a faxina contra a corrupção, na amplitude da autonomia institucional outorgada ao Ministério Público e à Polícia Federal. O que avançou, de vez, por aí mesmo, foi a nossa democracia profunda. Há um primeiro controle entre os poderes pelo Conselho Nacional de Justiça e há crescente autonomia do Banco Central na regulação da despesa e, sobretudo, na destinação da poupança pública e no seu socorro ao setor privado.

Só se reforça, por outro lado, o empenho redistributivo da renda nacional pelas expectativas de expansão do salário mínimo.

O ano de 2012 é o desse avanço da riqueza ainda incalculável, não só das bacias petrolíferas oceânicas, mas também das jazidas da região de Linhares (ES), que podem chegar de maneira imediata ao mercado.

O vigor de uma nova política externa traduz esse avanço sobre toda a velha política, amarrada sobre uma visão obsoleta de centros e periferias da América Latina, na força com que vamos ao protagonismo dos Brics e deparamos as relações com a China, na mudança de escala do comércio internacional.

E fora, de vez, dos minipalcos da nossa ação externa, a vigorosa defesa, pelo governo Dilma, da entrada da Palestina nas Nações Unidas ecoou outra expressão do nosso multiculturalismo latente.

Somos o país das maiores minorias sírio-libanesas da atualidade, a convocarmos para um novo alinhamento prospectivo, nesta região crítica do mundo do novo século.

E é desnecessário insistir sobre o avanço da nossa política africana, a partir de Angola ou de Moçambique, a, sobretudo, evidenciar o fracasso das políticas europeias, presas a uma inerte política assistencialista, ocupada com a miséria do continente, em vez de emprestar a ele as mecânicas do desenvolvimento e da sua possível sustentabilidade.

O que, sobretudo, evidencia esse nosso perfil internacional é a definitiva obsolescência do bolivarismo chavista, diante das novas cartas petrolíferas e da criatividade do desempenho da Petrobras na Bolívia.

De toda forma, sobretudo, o que parece ganho, de vez, é uma consciência de mudança brasileira.

Derruba os moralismos clássicos das oposições, bem como os apocalipses da dependência externa de um país a que agora dá conta do gigantismo do seu mercado interno e da consciência de seu advento, que permitiu ao "povo de Lula" chegar à nação de Dilma.

Folha de São Paulo, 29/3/2012