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Feira de Bolonha:a vitória do livro impresso

 

Para a editora Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro, “já  aprendemos a fazer o livro digital; agora, falta  aprender como comercializá-lo, respeitando a complicada questão dos direitos autorais.”

Uma das atrações da Feira Internacional  do Livro Infantil, realizada na cidade italiana de Bolonha, foi o debate  realizado com cerca de 200 especialistas do mundo inteiro (a maior delegação era  a brasileira) sobre o futuro dos livros digitais.  Depois de um dia inteiro de discussões, a especialista Lígia  Cadermatori afirmou-nos que as dúvidas são gerais.  As dúvidas são  gerais : “Os apocalípticos dizem que o livro impresso vai acabar, outros são reativos a essa ideia.”

Quem hoje investe no livro eletrônico, como é o caso da grande editora italiana Mondadori, espera um bom retorno no futuro.  Na área ainda faltam recursos humanos adequados.  Só nos Estados Unidos  há progressos palpáveis.  Como se viu na Feira do Livro de Bolonha, na Itália, Inglaterra e França, por exemplo, o crescimento ainda é lento.  Tudo é muito incipiente, com mais dúvidas do que certezas.  Não há como impedir a prática generalizada da pirataria.  Sem  a criptografia do arquivo não há como controlar o processo e as questões judiciais irão se acumular.

Editoras brasileiras desenvolvem projetos para regularizar o uso de textos e ilustrações, mas ainda estão distantes de uma solução.  Deseja-se manter as características de livro para leitura – e não usar o e-book como game.

Os espaços na Feira de Bolonha são generosos e o que se vê, na verdade, são milhares de livros impressos expostos, com as suas cores exuberantes.  Anotou-se a representação  de dezenas de países numa comunhão democrática de nações desenvolvidas e emergentes.  O livro infantil e juvenil une regimes aparentemente inconciliáveis, mostrando a força do IBBY (International Board of Book for Youth), principal patrocinador do evento.  Assistimos à sua Assembleia Geral, em que ficou decidido que 2014 o país homenageado  será  o Brasil.  Nossa delegação, de quase 60 pessoas, vibrou com a notícia, especialmente  as dirigentes da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Gisela Zincone (presidente) e Elizabeth Serra (secretária-executiva).  Trouxeram a Bolonha dezenas de editores de vários Estados brasileiros, para mostrar a boa qualidade dos livros que já produzimos, em nosso território, apesar de abertos ao intercâmbio internacional.  A Feira  Internacional do Livro é um importante instrumento de trocas, como testemunhamos no stand da FNLIJ, muito procurado por especialistas estrangeiros, e também no stand de Maurício de Sousa, com a sua vitoriosa Turma da Mônica (agora também para adolescentes), traduzida em diversos idiomas (chinês, coreano, turco, francês etc).  A sobrinha Mayra Sousa exibiu-nos, com muito orgulho, os produtos internacionais, que se avolumaram, na produção da editora.

Visitamos muitos stands, inclusive o do Brasil, e registramos a nossa surpresa, que foi também a da premiada acadêmica Ana Maria Machado, bastante assediada em Bolonha, com a presença em massa de excelentes ilustradores do mundo inteiro.  Tiveram  um espaço próprio para mostrar os seus trabalhos, realizaram workshops
durante os quatro dias da Feira, e nos deixaram a  sensação de que o seu trabalho essencial está sendo mais valorizado do que nunca.  Na ocasião, foi anunciada a entrega do prêmio Astrid Lindgren ao ilustrador australiano Shaun Tan(a láurea é  destinada a jovens artistas).  Saímos do Pavilhão lotado de editores, autores e ilustradores (a Feira não é aberta ao público) com a certeza de que os livros infantis, no seu atual formato, ainda terão muitos anos de vida.  Ganham  com isso as nossas crianças.

O Estado do Maranhão, 22/6/2011