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ABL de portas abertas

 

O papel da Academia Brasileira de Letras, em seus 114 anos de existência, sempre foi o de preservar e valorizar a memória nacional: a língua como instrumento do conhecimento e da convivência; as letras como reveladoras e formadoras da identidade do país, sem deixar de fora nada do que é humano — a ciência que reside no espírito, que observa e explica; e a poesia que habita a alma, que sente e compreende.   

A Academia abrirá suas portas hoje para debater, em seu primeiro Seminário "Brasil, brasis" de 2011, um tema atual e com pouco espaço nas discussões acadêmicas: "Grafitismo: A arte das ruas . E vamos transformar o pátio da ABL num grande palco de hip hop e rap. Teremos, ainda, uma parede branca para que os artistas populares do grafitismo se exibam.
 
Grafitismo, hip hop e rap são manifestações populares que se tomaram debate mundial. No Brasil, registra-se, na atualidade, um movimento voltado para essa manifestação artística. Representa, acima de tudo, inclusão social. Não são poucos os autores que se dedicam ao estudo do grafitismo, do hip hop e do rap. A Academia não poderia ficar fora dessa discussão.

Vamos ouvir artistas populares e também abrir espaço para o poder público. O Secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, confirmou presença. Ele é o responsável pelo programa Antipichação, iniciativa para desestimular a ação de pichadores, mas que não deixa de reconhecer a prática do grafitti como forma de conscientização.

A ABL, assim, mantém-se fiel à sua vocação de casa de cultura aberta, democrática e criativa. Tem sido assim desde os tempos de Machado, Nabuco e Ruy. A Academia não existe para enclausurar cultura, mas para socializá-la. Temos, semanalmente, ciclos acadêmicos, debates sobre temas atuais ou de culto à memória dos Acadêmicos que já se foram. Toda semana há espetáculos de teatro, cinema, música. Uma vez por mês, concertos de música clássica. As exposições exibem telas ou esculturas de importantes artistas brasileiros. Tudo aberto ao público, com entrada grátis e transmissão ao vivo pela Internet.

Nossa proposta é a de popularizar a Academia, mas sem que se torne popularesca. E, principalmente, sem perder de vista a necessidade de preservarmos a tradição e a excelência. Portanto, é vital que nos afinemos sempre com os moços. Além disso, uma Academia de Letras também está obrigada, na contemporaneidade, a refletir sobre as novas linguagens e tecnologias. Se não o fizer, ficará como sombra e perderá sua capacidade de irradiação.

O Dia (RJ), 28/4/2011