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Educação e defesa do Estado

 

Durante os mais de 10 meses do Curso Superior de Guerra, que completei na ESG, em 1976, aprendi a respeitar, como estava no Manual Básico, o elenco dos Objetivos Nacionais Permanentes. Os meus colegas da Turma Almirante Álvaro Alberto foram testemunhas, no entanto, de que sempre defendi a tese de que o Poder Nacional poderia ser grandemente enriquecido se acrescentássemos aos ONPs uma palavra mágica: EDUCAÇÃO. Lembrei o fato ao dar a aula magna de 2011 da ESG.

Decorridos 35 anos, o nosso convencimento é ainda mais robusto, com base principalmente nas experiências colhidas nos países mais desenvolvidos do mundo, que entenderam adequadamente a força dessa prioridade. Terá sido outra a razão do crescimento, entre outros, dos Estados Unidos, da Finlândia, do Canadá, da Coreia do Sul, do Japão e de todos os surpreendentes tigres asiáticos?

Inspirou-nos sempre, no curso da Escola Superior de Guerra, a figura exemplar do Almirante Álvaro Alberto, a quem tanto deve a ciência brasileira. Tendo o privilégio do convívio, nos últimos anos de sua vida fecunda, posso aqui revelar um dos seus emblemáticos pensamentos, como professor que também foi:
“Nosso país é detentor de apetecidos tesouros e terá que defendê-los. Para tanto, há que mobilizar as reservas materiais, morais e intelectuais, que felizmente não lhe escasseiam.”

Entendemos que o primeiro e decisivo passo é cuidar adequadamente da sua educação, que cresceu quantitativamente de forma expressiva, nos últimos 50 anos, mas ainda deixa muito a desejar do ponto de vista qualitativo. De toda forma, saber que há 60 milhões de brasileiros estudando, no ensino formal (presencial) ou informal, de que é exemplo a educação à distância, dá bem a medida do vulto desse desafio que pesa sobre a atual geração.

Modernamente, a sociedade brasileira empenha-se na defesa do Estado, como elemento básico para alcançar o ideal do desenvolvimento econômico e social. Não se pode pretender um país forte, por exemplo, com as suas forças singulares incapazes de defender adequadamente as nossas fronteiras ou até mesmo a indispensável soberania. Se precisamos de porta-aviões, novos caças ou equipamentos eletrônicos de última geração, há que se buscar os necessários recursos, para que as Forças Armadas não fiquem empobrecidas na sua capacidade de defesa.

Ao lado desse aspecto, como felizmente somos um só povo, é preciso considerar que o Estado deve à expansão e melhoria das nossas condições de vida. Como aceitar, como se fosse um castigo divino, a existência de 14 milhões de analfabetos adultos, espalhados pelo nosso imenso território? Incomoda a incapacidade de resolver a questão, tanto mais que hoje existem recursos tecnológicos, como o rádio e a televisão, o cinema e a internet para enfrentar o desafio. Que não se limita a esse aspecto, pois há frutos de toda ordem no sistema, a requerer providências que não devem e não podem mais tardar.

Tribuna de Petrópolis (RJ), 29/3/2011