Todo mundo entra no ano novo com o firme propósito de mudar de vida, principalmente no que se refere à saúde, e principalmente em relação ao estilo de vida, que, todos nós sabemos, têm muito a ver com saúde. Exercício físico, dieta, fumo, álcool: eis aí um quarteto clássico, objeto de muitas e fervorosas promessas.
Infelizmente, é mais fácil prometer do que cumprir, como se descobre, com evidente desapontamento, no final do ano, que tão auspiciosamente se iniciou.
E por que não cumprimos promessas? Por que não seguimos nossas próprias resoluções? É culpa de nossa fraqueza, de nossa inconstância? Provavelmente não. Não precisamos aumentar a carga de nossas culpas com essa adicional acusação. Seres humanos têm limitações, cedem a tentações, e isso desde Adão e Eva. O que fazer, então?
A resposta está, antes de mais nada, no jeito de formular as resoluções. Tendemos a ser irrealistas. Criamos objetivos grandiosos, que simplesmente não temos como atingir. Daí o desapontamento. Daí a desilusão.
Lendo um artigo americano sobre as resoluções de fim de ano, encontrei uma fórmula que me pareceu, no mínimo, interessante e que diz muito da engenhosidade de um país que, antes de cometer erros monumentais, revolucionou a ciência e a técnica. E o fez graças a um espírito prático que aparece nessa fórmula.
Para começar, ela se traduz em um acrônimo muito significativo: smart, que quer dizer esperto. Americanos adoram essas coisas. Por exemplo, um estudo sobre a modificação dos fatores de risco na doença cardíaca ficou conhecido como Mr.Fit, abreviatura de Multiple Risk Factor Intervention Trial. Mas Mr.Fit também quer dizer Senhor Apto, apto a viver sem doença cardíaca, obviamente. Smart também é formado de iniciais. O S é de “specific”, e nos diz: seja específico sobre o que você vai fazer. Não basta decidir algo como “vou viver melhor”. O que é viver melhor? Em que consiste a vida melhor? O M é de mensurável. Tudo que é verdadeiro pode ser expresso em números, dizia o cientista Lord Kelvin, e isso vale para o estilo de vida. Vou perder peso: quantos quilos? Vou deixar de fumar: em que dia? Vou caminhar: quantas vezes por semana e durante quanto tempo? O A é atingível: o objetivo tem de estar ao nosso alcance, nada de promessas mirabolantes. O R é de resultado: que resultado quero atingir, ou seja, quanto quero pesar, quantos dias de férias quero tirar? Finalmente, o T é de tempo: quanto tempo vou me dar para conseguir meus objetivos?
Adotar resoluções é coisa que todo mundo faz. Mas adotar resoluções que funcionarão depende de esperteza, depende de ser smart.
A Notícia (SC), 3/1/2011