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A qualidade é possível

 

Convém prestar atenção a certos fenômenos (sim, são fenômenos) que ocorrem na educação brasileira. Quando se discute tanto a necessidade da sua qualidade, especialmente no ensino público, temos dois exemplos positivos a considerar, ambos relacionados à Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

O primeiro refere-se ao Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, criado há 50 anos, que hoje se mantém como uma das cinco melhores escolas de educação básica do país. A avaliação feita pelo MEC comprova o acerto do seu projeto pedagógico, iniciado modestamente por um grupo de professores, no bairro da Tijuca, e do qual tivemos a honra de participar.

O segundo fato é a sua pós-graduação, na área de Educação, que teve começo no ano de 1978, por uma sábia decisão do Conselho Universitário. Fomos relatores desse processo, que previa três áreas de concentração: Educação Especial (única no Brasil), Administração Universitária e Tecnologias Educacionais. A validação ocorreu no então Conselho Federal de Educação, sendo relator o professor e acadêmico Afrânio Coutinho.

De lá para cá, o curso cresceu enormemente, sendo hoje o único da UERJ a ter a classificação máxima, na Capes, conforme recente avaliação. É claro que isso enche de alegria os seus 31 docentes, que têm a coordenação das professoras Alice Casimiro Lopes e Leila Regina Paula Nunes. São 132 alunos regulares do programa (70 de mestrado e 62 de doutorado), mas o número dobra quando são considerados os alunos que vêm de outros programas e os ouvintes.

Dificuldades comuns a outros cursos de pós-graduação foram pouco a pouco superadas, como a presença de professores com dedicação exclusiva e o aumento considerável de livros apropriados, na biblioteca da instituição, sendo colocados à disposição dos usuários. De início, a oferta era pobre, sob a alegação dos reitores de que faltava verba específica para a compra necessária. Hoje, a mentalidade é outra e a oferta se faz em nível considerado bom. Autores brasileiros e estrangeiros figuram nas estantes da biblioteca, além, é claro, das oportunidades de acesso digital ao conhecimento universal dos problemas ligados à educação, com linhas de pesquisa ativas nas áreas de Cotidiano, Redes Educativas e Processos Culturais; Currículos; Educação Inclusiva e Processos Educacionais; Infância, Juventude e Educação e Instituições, Práticas Educativas e História. Há convênios institucionais com as Universidades de Lisboa, Coimbra, Porto, Padova, Buenos Aires, Barcelona etc.

Com isso, têm sido realizados trabalhos de notável expressão cultural, abordando temas como currículos, filosofia, educação de jovens e adultos, infância e cultura, teatro, inclusão escolar e formação docente, entre outros. Uma usina de produção científica e cultural de primeira ordem.

Jornal do Commercio (RJ), 29/10/2010