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Injustiça social e má consciência ecológica

 

Vamos a Copenhagen cumprindo nosso dever de casa, de resposta a um alinhamento e uma consciência internacional pela melhoria ecológica do planeta, mas a atitude brasileira em Copenhagen implica também, e a prazo médio, um debate crítico sobre as urgências desta tomada de consciência e de como se definem, de fato, as prioridades reais do que seria hoje a efetiva e rápida melhoria do mimdo dos homens.

 

Os tempos da globalização, a perempta e a que nasce, já, na era Oba-ma, superaram de vez o racha ou a dicoto-mia de um vmiverso de centro e periferias. Mas a simultaneidade de um novo dinamismo econômico não impede, se não agrava, as contradições que se abatem sobre a visão de um desenvolvimento universal. Coincide agora com os reclamos de Copenhagen a consciência do firacasso de todo espontaneísmo na economia de doações internacionais às nações da miséria e do imobilismo ancestral. De vez, manifestou-se o vão e o ingênuo de uma piedade internacional, ou da sensibilidade dos muito, muito ricos, à condição dos muito, muito pobres, mesmo ganhasse o auxílio a marca humilhante e consentida da esmola.

Vem já de meio século a cantilena que elimina toda boa consciência em manter-se os mesmos padrões e os mesmos desígnios na virada do século e da denúncia da política dos bons corações e de uma caridade mundial.


Da mesma forma, no mundo hoje, a visão da mudança, independentemente de tais contrastes, verifica a crescente impotência das esquerdas, maciçamente derrotadas nas últimas eleições européias. Por outro lado, a força da crise financeira internacional não chegou ao imo do processo, nem a qualquer virada de páginas. Assegurando a permanência do modelo, concentrou sua crítica nos desmandos e excessos de ganho, começados com a especulação imobiliária americana. À falta de alternativa, a esquerda perde também toda utopia no pensar o futuro e, instintivamente, recorre aos álibis da mudança. A nova ênfase

ecológica não seria a principal delas, permitindo uma nova boa consciência à falta do enfoque da miséria, da injustiça social?


Até onde Copenhagen pode se exasperar na sofisticação de novas medidas em que as prioridades de um verdadeiro humanismo em nosso tempo se troquem pelo bom trato do ecúmeno ou dos controles do C02, na poluição nascida com o verso da moeda do crescimento, do bem estar das megalópoles do nosso tempo. No BrasU o sucesso do Bolsa-Família, ou da agricultura familiar, ou da eliminação das migrações internas tem imia voz distinta e uma ressonância particular em Copenhagen, a evitar o mundo que opte pelo comodismo do mais fácil na manipulação das prioridades de nosso tempo.


Jornal do Commercio (RJ), 13/11/2009

Jornal do Commercio (RJ),, 13/11/2009