Para Juscelino Kubitschek de Oliveira, imortal estadista brasileiro, os caminhos do desenvolvimento sempre passaram necessariamente pela construção de universidades. Sua primeira manifestação concreta, neste sentido, deu-a quando Governador do Estado de Minas Gerais, em 1953. Criou a Faculdade de Odontologia de Diamantina, sua terra natal, que acabamos de visitar, em companhia de Maristela Kubitschek e Rodrigo Lopes. Na entrada do que hoje é a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, o reitor Pedro Ângelo Almeida Abreu, que é geólogo, chamou nossa atenção para o busto de JK e a frase com que fui homenageado:
“Este é o ideal de um grande homem, semente plantada no ontem, transformada no hoje: um sonho realizado. Homenagem ao eterno criador. 2003.”
Numa extensa área de 2 milhões de metros quadrados, antes habitada pelos índios puris, existem 23 cursos superiores, na cidade que se transformou, desde 1999, em Patrimônio Mundial da Humanidade. Diamantina, com 40 mil habitantes, teve a sua economia longamente lastreada na extração mineral, o que se extinguiu na década de 90. Hoje, precisa buscar novas vertentes – e o que parece mais plausível é o turismo, valendo-se da circunstância de ser uma região extremamente musical, com as suas extraordinárias e bem frequentadas vesperatas.
Registram-se consequências trágicas da seca, dadas as condições geológicas adversas, mas ali se vive a esperança do funcionamento da Usina Irapé, no rio Jequitinhonha (o nome indígena significa “armadilha para peixe grande”). Incluindo o campus da cidade de Teófilo Otoni, a UFVJM chega a 5.200 alunos, com dois mestrados e um doutorado que gozam de bom conceito.
Há uma justa pretensão da comunidade diamantinense de se instalar, no campus JK, um curso de medicina. A demanda é muito grande e pergunto ao reitor como se faria para resolver o difícil problema dos professores. Ele não demonstra qualquer dúvida: “Temos muitos médicos competentes aqui mesmo na cidade e, por outro lado, a proximidade de grandes centros, como Belo Horizonte, facilitaria a incorporação de pessoal altamente qualificado.”
Fiquei impressionado com o vulto das obras em andamento e o projeto pedagógico da instituição federal, que não se queixa de leniência em matéria de apoio do MEC.
Mas JK não ficou só nessa semente. É preciso lembrar o seu empenho pela criação da Universidade de Brasília. Tivemos acesso a documentos históricos, que demonstram mais uma vez o pioneirismo de JK. Ele teve a colaboração de eminentes educadores brasileiros, a começar pelos acadêmicos Cyro dos Anjos e Abgar Renault, passando por Darcy Ribeiro (também acadêmico) e Anísio Teixeira. É verdade que os dois últimos foram os que mais se projetaram, inclusive porque tiveram o privilégio de comandar a instituição. A história registra que foi fundamental o empenho do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira na criação de uma das maiores universidades brasileiras. Um homem de visão, em todos os sentidos.
Jornal do Commercio (RJ), 9/10/2009