Ouvi dizer – ou li em qualquer canto – que circula ou já foi aprovado, na Comissão de Justiça de uma das Casas do Congresso Nacional, projeto que cuida da pedofilia e de crimes afins, que são muitos e envolvem sedução, suborno, violência e patologias diversas.
Na Antiguidade, em países islâmicos, parece que cortavam a mão dos ladrões. Não sei se castravam os pedófilos, mas parece que a onda tanto cresceu que já tem gente pensando nisso. Uma coisa é tratar clinicamente o portador de uma tara abominável, prendê-lo se for o caso, usar todo o rigor da lei para punir o culpado de crime tão nefando.
Outra é mutilá-lo fisicamente. Na farmacologia universal já existem remédios e tratamentos para certos desvios de comportamento, inclusive de comportamento sexual. Sempre ouvi dizer que nos navios onde a tripulação passa muitos meses ao mar, era ministrada a dose diária de uma substância que inibia a libido – os comandantes não queriam confusão a bordo.
O mesmo ouvi dizer dos conventos e clausuras religiosas. Vivi dez anos num seminário e pelo que me concerne, só tive exacerbada minha crise de adolescente saudável. Meu inibidor era São Luiz Gonzaga, padroeiro da castidade dos jovens, inclusive dos seminaristas, como ele. Visitei sua cela, no ‘Gesú’, em Roma, havia um crucifixo esquálido, nenhuma foto da Sophia Loren ou da Gina Lollobrigida.
Bem verdade que depois recuperei o tempo perdido, mas isso já cheira a sacanagem. Voltemos aos pedófilos e aos projetos de curá-los por lei ou por fármacos específicos. Sou contra. Para o crime em si já existe uma legislação a qual deve ser mais severa. Nada de mutilação física, como a castração, ou clínica. Criminoso deve ser penalizado, severamente conforme o caso.
Folha de S. Paulo, 17/9/2009