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Artigos

  • Um ano de celebrações literárias

    Correio Braziliense (DF), em 21/12/2007

    Deus nos livre de épocas interessantes, diz um provérbio chinês, não sem certa razão: épocas interessantes freqüentemente antecipam conflitos, guerras, tragédias. O melhor. Deduz-se, é viver em tempos desinteressantes, tempos de bem-aventurada rotina. Apreensões à parte, tudo indica, contudo, que 2008 vai ser um ano interessante, com muita coisa acontecendo em nosso pais, e acontecendo em várias áreas. Por exemplo: 2008 será um ano de comemorações literárias. O número de efemérides na área é absolutamente surpreendente.

  • Pesquisa científica: a polêmica

    Zero Hora (RS), em 24/11/2007

    Há uma polêmica em curso e ela está tendo repercussão nacional, com várias pessoas, algumas muito conhecidas, manifestando-se através da mídia. A polêmica é: pode, ou deve, a ciência abrir mão de experiências com animais de laboratório?

  • Jornalismo e literatura: inquieta, mas fértil,convivência

    Correio Braziliense (DF), em 23/11/2007

    O Salão Nacional do Jornalista Escritor, criado pela Associação Brasileira de Imprensa (e tocado pelo vice-presidente, o lendário Audálio Dantas), foi um êxito. Centenas de pessoas, em sua maioria estudantes universitários, compareceram no último fim de semana ao auditório do Memorial da América Latina, em São Paulo, em cujo palco sucederam-se nomes famosos no jornalismo e na literatura em nosso país: Luis Fernando Verissimo, Ruy Castro, Fernando Morais, Heródoto Barbeiro, Ricardo Kotscho, José Mindlin, Jaguar, Alberto Dines, Moacir Japiassu, Manuel Carlos Chaparro, Carlos Heitor Cony, José Nêumanne Pinto, Fernando Portela, Audálio Dantas, Mauro Santayana, Zuenir Ventura, Eric Nepomuceno, Antonio Torres, Flavio Tavares, Ziraldo, Ignácio de Loyola Brandão, José Hamilton Ribeiro, Mylton Severiano, Juca Kfouri, Caco Barcelos, Domingos Meirelles, Eliane Brum, Mino Carta... Lá estive também, e tentei não fazer feio.

  • Uma questão de consciência

    Zero Hora (RS), em 20/11/2007

    A Assembléia Legislativa do RS teve um presidente, Carlos Santos, que era um grande deputado e que era negro. Como presidente da Assembléia, tinha direito a segurança: um brigadiano acompanhava-o sempre. Conta-se que um dia de manhã, muito cedo, Carlos Santos precisou registrar uma ocorrência na delegacia próxima à sua casa. Para lá se dirigiu, sempre escoltado pelo policial. Quando entrou, o delegado, que estava sentado à mesa, semi-adormecido, abriu os olhos e, não reconhecendo o deputado, resmungou: "Pô, negão, a essa hora da manhã tu já estás criando confusão!"

  • Protesto fálico

    Folha de S. Paulo (SP), em 19/11/2007

    Constrangimento no chá de cozinha de Raffaela Bassi, noiva de Felipe Massa: a humorista Yonara Nascimento, contratada para animar a festa, mostrou um chocolate em formato de pênis durante a primeira das três esquetes programadas. Ao se trocar para a segunda, foi avisada de que não precisaria mais voltar.

  • Vencendo a dislexia

    Zero Hora (RS), em 17/11/2007

    Um dos episódios mais tocantes deste brilhante e discutido filme que é Tropa de Elite mostra o aspirante Matias diagnosticando o problema de um menino do morro que tem dificuldades de acompanhar as aulas: trata-se de miopia, e o garoto precisa de óculos para continuar freqüentando a escola. A tentativa de ajudá-lo acaba custando a vida do também aspirante Neto, morto por traficantes quando vai entregar os óculos à ONG que tenta fazer alguma coisa pelos moradores da favela. De qualquer modo, Matias, que também é de origem humilde, mostrou a sensibilidade e até a sabedoria que muitas vezes são necessárias para identificar uma situação que não raro funciona como estigma, como veredicto. O normal seria atribuir o problema escolar do garoto a algo como uma "condição inferior", o mesmo raciocínio feito pelo cientista James Watson quando, há poucas semanas, declarou que os negros são congenitamente menos inteligentes do que os brancos. Mas isso é uma coisa injusta - e burra. Nas últimas décadas, tem-se mostrado que o atraso escolar, muitas vezes, está ligado a problemas psicológicos e até orgânicos. Não por outra razão a Organização Mundial da Saúde incluiu, em 1992, na Classificação Internacional de Doenças, os transtornos de aprendizagem, que incluem problemas com a leitura, com o raciocínio matemático e com a expressão escrita. A causa desses transtornos ainda não foi completamente esclarecida. Provavelmente, vários fatores, biológicos, psicológicos e sociais estão presentes. Como exemplo de fatores biológicos temos o déficit de audição - muitas crianças não aprendem porque não ouvem bem - e de visão, como mostrou o filme.

  • Livros e intolerância

    Zero Hora (RS), em 30/10/2007

    Hoje à noite, na Reitoria da UFRGS, estarei dividindo o palco desta fantástica maratona cultural que é o Fronteiras do Pensamento com a escritora norueguesa Asne Seierstad. Estou grafando o nome dela (que, informaram-me, pronuncia-se "Osne") de forma errada: falta um sinal gráfico, uma espécie de bolinha, em cima do A, e enquanto eu não tiver um teclado norueguês o erro será inevitável. Mas é um alívio, para quem, como nós, tem de lidar com tantos acentos. Já imaginaram se, além da crase e do circunflexo, tivéssemos de colocar também bolinhas sobre as letras? Passaríamos o resto de nossas vidas às voltas com essa tarefa.

  • Realismo socialista

    Correio Braziliense (DF), em 26/10/2007

    Não é exagero dizer que a Revolução Russa, cujo nonagésimo aniversário está agora sendo lembrado (eu ia dizer celebrado, mas esta celebração, se existe, é para poucos) marcou o século vinte. Uma marca que era, a um tempo, política, econômica, social e cultural. Na esteira do movimento de 1917 surgiram diretrizes para a arte, para o cinema, para o teatro, para a literatura. Estas diretrizes podiam ser sumarizadas numa expressão: realismo socialista. O princípio básico do realismo socialista era simples: a arte e a cultura em geral deveriam estar a serviço dos ideais revolucionários. Em outras palavras (mas estas nunca eram admitidas pelos líderes), tratava-se de propaganda.

  • A paixão pelo livro

    Folha de S. Paulo (SP), em 22/10/2007

    Acho que ele não conhecia a minha frase, porque o livro de bronze foi um engano, não é mesmo, caro Drummond?