Os escândalos políticos que abalaram o governo, sem no entanto abalar o regime, apenas desacreditando-o, deixaram em escabeche a reforma política.
Já externei o meu pensamento a respeito dessa necessidade, argüindo-a distante do interesse da maioria dos parlamentares que, sem dúvida, querem que tudo mude e seja reformado desde que tudo fique como está, golpe constante na estrutura institucional que deve ordenar o regime.
Tenho dito nos artigos sobre reforma política que o Brasil necessita de uma revisão total, pois, à medida que o tempo foi passando, acumularam-se na organização política nacional os erros, as falhas, os desajustes que comprometem a vida das gerações que estão entrando na vida pública e na vida empresarial, para dar continuidade à Nação onde nasceram e que devem defender quando necessário.
Há pouco a Câmara dos Deputados liberou as coalizões, nas quais topam-se com freqüência absurdos de opostas ideologias, que se unem exclusivamente para fins eleitorais, sem darem importância ao absurdo da fusão.
Os partidos políticos, considerados instrumentos de governo, têm deixado esse fim para serem locais para negócios realizados exclusivamente nos dias de eleição, com a escolha de candidatos que não contribuirão para fortalecer a democracia que desejamos. O problema dos partidos políticos é dos mais sérios no Brasil, pois o que se tem aqui, em grande parte, são legendas sem eleitores, balcão de transações para eleger candidatos que pretendem ingressar na vida pública unicamente como emprego, não como realização de um ideal de que à Nação precisa.
Embora não creia que a reforma política não venha interessar a parlamentares, esperamos que o bom senso predomine na Casa de representação e legislação, para o bem do Brasil.
Diário do Comércio (São Paulo) 2/2/2006