Nos planos de Deus, a vida seria de graça. Mas, depois daquela história da maçã, o homem foi condenado a comer o pão regado com o suor do rosto. E a mulher, a parir seus filhos com dor. Tanto o parto como o pão custam caro. Poderiam ser mais baratos, mas a engrenagem social também custa caro, o ginecologista cobra e o padeiro também cobra. E todos acabam pagando.
Piores são os governos federal, estadual e municipal, que também custam os olhos de nossa cara e de nosso bolso. A saúde pública e a Previdência Social, apesar de custarem caríssimo, mal conseguem verbas para custear sua estrutura burocrática, que, além de cara, é problemática.
Daí que o povo paga e não bufa. Morre-se facilmente quando se é pobre. Rico também morre, quando chega sua hora. Mas o pobre geralmente morre mal e muitas vezes fora de hora.
As doenças crônicas, por serem crônicas, devem ser cronicamente tratadas. A falta de dinheiro, que também é crônica para a maioria, não apenas atrapalha como agrava o problema.
Há males que pedem medicação permanente: as doenças do coração, o câncer, a aids, o diabete. Em todas elas, a preocupação com o custo do tratamento funciona como um complicador, que retarda ou torna impossível a cura.
Os laboratórios produzem os medicamentos com uma taxa de risco que aumenta o preço dos produtos. As farmácias, que recebem esses produtos para vender, costumam aumentar os preços por conta própria. O consumidor final não pode estrilar. É pagar ou morrer. Termina a vida pagando e morrendo.
Em todo o caso, há uma lei compensatória nisso tudo. O presidente da República já estava no avião para ir a Davos e foi tirado de bordo por causa da pressão alta. Acredito que não tenha pago nada, tudo fica por conta da mordomia do Estado.
Jornal do Commercio (RJ), 4/2/2010