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A vitória de Sarkozy

 

A vitória de Sarkozy não surpreendeu. Esperemos que a França encontre o seu rumo.


A vitória de Nicolas Sarkozy contra Ségolène Royal não surpreendeu a ninguém. Estava prevista há muito a ascensão deste jovem de descendência húngara, que contava com o apoio maciço da mídia francesa e em geral. Agora Sarkozy torna público que vai mudar definitivamente a França. Não será fácil, mas também não é difícil. A França é uma sociedade institucionalizada. O general De Gaulle, com sua figura monumental e seu prestígio único, não conseguiu transformar a França durante os seus anos de poder, exercido com sua superioridade intelectual e física.


Não temos elementos para justificar qualquer opção sobre o que vai fazer ou o que pode fazer o novo presidente francês, que não tem prática do regime presidencial, que na França é misto, convivendo com o parlamentarismo. Sarkozy vai, evidentemente, dispor dos valores que compõem a política e administração francesas, mas tudo o que fizer para reformar a França esbarra numa longa história, sedimentada com valores estabelecidos pelo tempo e composta de elementos fecundados pela idade.


Não diremos que Sarkozy vai fracassar e nem alcançar êxito, diremos, apenas que sua obra, proclamada no dia de sua vitória, não será facilmente realizada num país em que as mudanças se fizeram com revoluções profundas, como a Revolução Francesa, a Faixa Napoleônica e a longa história da Terceira República. Tudo são conjecturas, que a História modelou, mas mesmo essas obras, consideradas imóveis, podem ser mudadas. Um grande movimento intelectual e político procurou mudar a França. Chegou ao mais fundo dos sentimentos franceses, mas acabou mordendo o pó da derrota sem ter conseguido o seu ideal, que contava com grandes adesões, como o da Action Française.


A França teve grandes homens na sua direção. Não é o caso atual, com o surgimento da nova liderança, que surpreendeu a todos os analistas daquele país. Esperemos que a França encontre o seu rumo, neste momentode perplexidade.


Diário do Comércio (SP) 8/5/2007