Desde a sua criação, nos idos de 1946, quando o Brasil reencontrou o caminho da democracia, o Sesc tem se dedicado a projetos de cultura e educação que ultrapassam as fronteiras dos seus mentores, empresários de comércio e serviços. Uma conversa com Abram Szajman, em São Paulo, é bem elucidativa desse empenho: “Hoje, estamos convencidos da importância da educação, que é parte integrante da cultura”, diz ele, enquanto desfila a série de projetos da instituição que preside.
Há um carinho especial pela parceria com a Secretaria de Estado de Educação, particularmente com o “A escola sai da escola” (visita de professores e alunos a exposições da programação regular do Sesc) e “Escola em cena”, em que escolares, com um interesse cada vez maior, comparecem a espetáculos de teatro e dança programados especialmente para eles. São atividades que comovem, pois muitas crianças e jovens comparecem pela primeira vez a essas casas de cultura, construídas com tanta competência em locais antes precariamente servidos por essas ações, que, na sua totalidade, em todo o Estado, hoje ultrapassam o atendimento de 15 milhões de pessoas.
Conhecemos o Circuito Sesc de Artes, a Semana da Consciência Negra, o Circuito de Esportes, a Semana da Saúde, outra do Meio Ambiente, o Festival da Integração, visitando Centros Culturais como os de Pompeia, Vila Mariana, Pinheiros, Santo Amaro e São Caetano, percebendo uma orientação que não escapou aos nossos olhos: o extremo cuidado com os projetos de leitura e valorização do livro. A assistência à saúde também é uma realidade, presente nos 31 centros culturais e esportivos.
A coerência pode ser encontrada nas palavras do educador Danilo Santos de Miranda, um fluminense adotado por São Paulo: “O terceiro setor comporta diversas formas de ação social e de financiamentos de projetos sociais. As entidades “S” constituem um dos seus mais antigos e bem sucedidos agentes.” É relevante considerar que esse é um trabalho nacional, pilotado por entidades em cada estado, mantendo com recursos do empresariado uma rede invejável de assistência, como acontece nos setores de alimentação e de saúde, com ênfase na odontologia.”
Ao comparecer ao lançamento de um livro, em São Caetano, pudemos conversar demoradamente com os agentes de implementação desses projetos. Ao lado do pintor Mário Mendonça, que fazia uma oficina de artes plásticas, sentimos o entusiasmo com que eles se desdobram para fazer o melhor, enquanto se preparavam para implementar as Olimpíadas Estudantis da Rede Municipal de Ensino.
É um reforço considerável ao sistema público de educação, às voltas em geral com todo tipo de carência. Atuando no campo da educação informal e permanente, com a compreensão de que a aprendizagem é por toda a vida, o Sesc promove intervenções deliberadas que incorporam ao cotidiano dos beneficiários conteúdos culturais de primeira ordem, com três objetivos essenciais que pudemos observar: a autonomia intelectual, a interação social e a ampliação do conhecimento, para futura aplicação na vida laborativa. As crianças não são atendidas de forma burocrática, mas com a lúcida intenção de estimular o pensar, o agir e o sentir, de forma apropriada.
Jornal do Commercio (RJ), 16/10/2009