Em números redondos, já atravessamos um doze avos do ano que será o laboratório para a próxima sucessão presidencial. A classe política, com seus anexos na economia e nas instituições que dependem do poder, já está mergulhada na composição de um quadro do qual emergirão os candidatos que potencialmente disputarão o topo da pirâmide nacional.
No momento, queiram ou não queiram os interessados, há duas candidaturas praticamente lançadas, ambas do mesmo partido: Dilma e Lula. Em torno dos dois nomes gravitarão centenas de fórmulas e cenários, cabendo à oposição o desafio de encontrar um nome capaz de dividir a bola do poder.
Enquanto no PT, apesar de seus problemas cada vez mais graves, o problema se resume entre Dilma e Lula, no lado contrário ainda não surgiu uma liderança capaz de enfrentar a dupla que, de alguma forma, está ameaçando se prolongar no Planalto.
Há nomes, mas não há ainda um nome em torno do qual se possa esperar uma definição da grande parcela do eleitorado que pretende mudar a quase hegemonia do partido majoritário. Aécio Neves e Eduardo Campos terão de aproveitar o ano para se firmarem como alternativas de poder.
O mais emocionante é que apareça uma crise entre Dilma e Lula na hora de a onça beber água. Muitas e boas poderão acontecer no resto do ano, onze meses empanturrados de problemas. Dilma consegue manter uma popularidade em alta, mas seu governo não se desgrudou de Lula, o qual disputou tantas eleições em condições difíceis e, agora, terá oportunidade de disputar mais uma, com tudo aparentemente a favor.
A solução dependerá de um cara-coroa que os dois, criador e criatura, mais cedo ou mais tarde terão de enfrentar: a popular porrinha que faz parte de nossa cultura, tendo Lula um dedo a menos.
Folha de S. Paulo (RJ), 3/2/2013