A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) está nas bocas das matildes. Teve alguns presos e terá outros tantos. Meu primeiro trabalho profissional, no "Jornal do Brasil", como obscuro repórter, foi na então Primeira Câmara de Vereadores, cobrindo todos os atos dos seus integrantes Os prefeitos passavam e nós ficávamos conhecendo os meandros daquela Casa Legislativa, logo após a queda de Getúlio Vargas.
A turma era boa: Carlos Lacerda, Adauto Lucio Cardoso, Jorge de Lima (grande nome do modernismo brasileiro, autor de uma obra prima "Essa Nega Fulô", escrito num intervalo das sessões. Foi presidente da Alerj), Ary Barroso, Barão de Itararé, Napoleão Alencastro Guimarães (mais tarde ministro de Vargas), Silvino Neto (o Brasil parava para ouvir seu programa "Pensão da Pimpinela"), Agildo Barata (importante nome do Partido Comunista acusado injustamente de ter matado oficiais do Exército no motim que destruiu um quartel na praia Vermelha), Moura Brasil (que fundou um laboratório que leva seu nome), Luis Gama Filho (fundador da universidade que tem o seu nome). E outros cobras que haviam lutado contra a ditadura e foram presos pelo algoz do regime ditatorial.
Em comparação aos atuais membros da Assembleia Legislativa, o único escândalo dessa turma eleita com a queda de Getúlio era que havia um projeto que tinha que ser votado num determinado dia. O presidente da época mandou um funcionário subir no grande painel e atrasar 20 minutos, violando o regimento da Casa. Não havia propina.
O grande momento daquela legislatura foi um discurso de Ary Barroso que derrubou o projeto de levar o estádio do Maracanã para Jacarepaguá. Outro momento importante foi derrubar o projeto dos comunistas que desejavam mudar o nome de Vargas para Darcy Vargas.