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Três histórias sobre a fé

 

Não questionar a busca


Sri Ramakrisna conta que um homem estava prestes a cruzar um rio quando o mestre Bibhishana se aproximou, escreveu um nome numa folha, amarrou-a nas costas do homem e disse:


- Não tenha medo. Sua fé ajudará a caminhar sobre as águas. Mas no instante em que perder a fé, você se afogará.


O homem confiou em Bibhishana, e começou a caminhar sobre as águas, sem qualquer dificuldade. A certa altura, porém, teve um imenso desejo de saber o que seu mestre havia escrito na folha amarrada em suas costas.


Pegou-a, e leu o que estava escrito:


"Ó deus Rama, ajuda este homem a cruzar o rio."


“Só isto?”, pensou o homem. “Quem é esse deus Rama, afinal?"


No momento em que a dúvida instalou-se em sua mente, ele submergiu e afogou-se na correnteza.


O anjo explica a penitência


O Verba Seniorum - coleção de textos sobre os monges que viviam no deserto, no começo da era cristã - conta a história de um ermitão que conseguiu jejuar durante um ano, comendo apenas uma vez por semana.


Quando terminou sua penitência, olhou para o céu e pediu que Deus lhe revelasse o verdadeiro significado de determinada passagem bíblica.


Não escutou nenhuma resposta.


"Que desperdício de tempo" , pensou consigo mesmo. "Fiz todo este sacrifício e Deus não me responde! Melhor sair daqui e encontrar algum outro monge que saiba o significado deste texto."


Neste momento, apareceu um anjo.


- Os doze meses de jejum só serviram para você acreditar que era melhor que os outros, e Deus não escuta os vaidosos - disse o anjo. - Mas quando você foi humilde, pensou em pedir ajuda ao seu próximo, Deus me enviou.


E o anjo revelou ao monge o que ele queria saber.


Sobre a lei do retorno


Um homem caminhava por um vale dos Pirineus franceses, quando encontrou um velho pastor. Dividiu com ele seu alimento, e ficaram um longo tempo conversando sobre a vida. Em um dado momento, o tema começou a girar em tomo da existência de Deus.


- Se eu acreditar em Deus - disse o homem - tenho de aceitar também que não sou livre, e nada do que faço é minha responsabilidade. Pois as pessoas dizem que Ele é onipotente, e conhece o presente, o passado e o futuro.


O pastor começou a cantar. Como estavam num desfiladeiro de montanhas, a música ecoava suavemente e enchia o vale.


De repente, o pastor interrompeu a música, e começou a blasfemar contra tudo e todos. Os gritos do pastor também refletiram nas montanhas e voltaram até onde os dois se encontravam.


- A vida é este vale, as montanhas são a consciência do Senhor, e a voz do homem é o seu destino - disse o pastor. - Somos livres para cantar ou blasfemar, mas tudo aquilo que fizermos será levado até Ele e nos será devolvido da mesma forma.


"Deus é o eco de nossas ações."


Diário da Manhã (GO) 23/9/2007