Notícias de Brasília informam que o governo do presidente Lula vai conduzir uma batalha em três frentes: na ONU, para o Conselho de Segurança, na Alca, por uma América unida, e o terceiro com a OMC. Serão batalhas duras, com adversários poderosos, mas o presidente Lula quer porque entende que, sem a incorporação dessas três frentes na política exterior brasileira, não nos imporemos como nação de primeira grandeza, que é o seu ideal, e não deixa de ser também brasileiro.
Vamos, porém, às considerações paralelas a esse plano de guerra do presidente do Brasil. Que me conste, no já longo estudo da história da humanidade, que me tomou muito tempo desde os velhos dias do secundário, naquele tempo mais completo do que as faculdades de hoje, ao menos o que eu cursava, em Rio Claro, onde residia, que me conste, a guerra em mais de uma frente é sempre perigosa, evidentemente preparatória de uma derrota do exército que correu o risco.
Se formos aos generais que deixaram nome na história, veremos que sempre se recusaram a admitir a guerra em mais de uma frente. Napoleão, gênio da guerra, sempre quis uma só frente, e com ela ganhou as mais decisivas batalhas de sua gloriosa carreira. Júlio César, nas campanhas que comandava, queria uma só frente, ao menos como o lemos no seu biografo, Suetônio, e outros biógrafos de menor tomo que o grande historiador de um período de mudança, para o Império Romano.
O Brasil não dá importância a guerreiros do passado, e quer e porque quer, sem dúvida, lutar em três frentes. Mas, ao que consta, não está certo de ganhar. Ao menos a da Organização Mundial do Comércio. E a Alca, como fica o Brasil diante da pressão americana? E o Conselho de Segurança, ao vermos que estamos desmilitarizados, e não podemos ajudar a ONU, se tiver ela que intervir. Enfim, sou de opinião que é preferível lutar numa só frente cada vez, até ganhar as três, se possível.
Diário do Comércio (São Paulo) 10/01/2005