Estamos em pleno Domingo Gordo. É o meio e o topo da folia, quando as coisas começam a esquentar, as águas já começaram a rolar, águas de inverno e águas que passarinho não bebe e só peru na véspera de Natal.
O Carnaval nos foi trazido pelos portugueses e suas origens, segundo os especuladores que inventam histórias, remontam às festas pagãs da Grécia muito tempo antes de Cristo. Falam que era uma festa que louvava as colheitas e se retribuía à terra sua produção. E caíam na gandaia.
Mas o que se sabe mesmo é que chegaram ao Brasil no bojo das caravelas portuguesas que traziam as festas populares da Europa, a maior de todas em Veneza com direito a máscara, fantasias e outras roupas mais.
No Brasil, como o futebol, ela se tornou um folguedo do povo que hoje tem a marca da cultura popular brasileira. Aqui as nossas estações não são reguladas pela rotação da terra em torno do sol, mas em Carnaval, São João, Tempos sem Festa e Natal. Diz-se que o nome Carnaval vem do latim carne vale - que significa adeus à carne, tudo que não é o Carnaval que ao contrário é carne pra que eu te quero.
Foi associada à religião lá pelos anos 500, depois de Cristo, e era o tempo da preparação para os 40 dias quaresmais em que todos teriam jejum e rezas, preparando o espírito para lembrar o martírio de Jesus. Então, o homem que dá um jeitinho para tudo, achou que deviam se preparar para os dias sem pecados pecando. E haja festa, vinhos e mulheres. Aliás, por falar em mulheres, lembro o nosso grande poeta, de quem fui amigo, Manuel Bandeira, nos seus versos: "além de vinhos, versos e mulheres/ O que mais queres?" e ele respondia num louvor à maravilha da criação brasileira; "as mulatas que são meu fraco/ que têm um cheirinho debaixo do sovaco. Evoé Baco!".
Cabral quando saltou nas praias de Porto Seguro, descobrindo o Brasil, encontrou as índias descobertas e logo fez o nosso primeiro Carnaval. Saltaram alguns marinheiros na praia e com o maracá dos índios e uns tambores, para confraternizar, fizeram uma batucada e foi uma algazarra geral.
No Maranhão o Carnaval sempre foi uma festa marcante. Eram os blocos de sujo, a casinha da roça, os Fuzileiros da Fuzarca, e o entrudo com direito às batalhas de confete, a sujar as pessoas com lama, maisena, farinha e bexigas cheias de urina. Com o tempo o Carnaval foi morrendo.
Mas com Roseana, que gosta de alegria, ressuscitou o nosso Carnaval e outras festas do nosso folclore. É uma maneira de salvar a cultura popular, a grande força de identidade do brasileiro. Ele voltou a ser um dos grandes carnavais do Brasil e está de arromba. Haja perna para pular e força para bebericar.
Quando Roseana saiu, o Carnaval maranhense quase morreu. Mas agora voltou com toda força e este ano com a comemoração dos 400 Anos da fundação de São Luís, é enredo de Escola de Samba do Rio, a Beija-Flor do nosso saudoso Joãosinho Trinta.
Vamos todos com alegria e sorte torcer para que tenhamos a vitória, sem esquecer que na Quarta-Feira de Cinzas vem a ressaca e a penitência pelos pecados.
O Estado do Maranhão, 19/2/2012