A consultoria Macroplan, do economista Claudio Porto, especializada em análises prospectivas, considera ndo que o governo de Michel Temer iniciou um ciclo de reformas e ajustes importantes, mas carrega recordes de impopularidade, apesar de manter força dentro do Congresso, montou quatro cenários para os próximos dois anos, que dão maior probabilidade de haver um sucesso parcial do governo. Eis os cenários:
Final antecipado: Temer não conclui o seu mandato, sofre impeachment - em face a provas avassaladoras da Lava Jato e perde sustentação política - ou é cassado pelo TSE e/ou é ‘atropelado’ por uma escalada de violência e/ou simplesmente renuncia. Este cenário, já mapeado nesta coluna com base nas análises dos cientistas políticos Octavio Amorim e Carlos Pereira, antecipa um ambiente de imediata paralisia decisória com deterioração das expectativas econômicas e agravamento das tensões políticas. Há chances de emergir um quadro de ingovernabilidade, que coexistirá com fortes movimentos especulativos no mercado em meio a “surtos” de pânico e forte instabilidade no curto prazo. Tem 20% de probabilidade.
O segundo cenário é de um progressivo processo de ‘sarneyzação’: o Governo Temer só consegue realizar alguns ajustes econômicos pontuais e, consequentemente, perde a confiança dos mercados. Sua agenda de reformas é ‘desidratada’, especialmente a da previdência.
Acumula derrotas no Legislativo e enfrenta uma progressiva deterioração de expectativas dos agentes econômicos. Além disso, sofre seguidos revezes com ‘ondas’ de violência nas ruas e dentro dos presídios. O núcleo do Governo e de sua base de sustentação política sofre acentuado enfraquecimento com a crise da segurança e/ou a operação Lava Jato e ações correlatas, combinado com uma ampliação das práticas de fisiologismo e ‘varejo político’. ‘Aos trancos e barrancos’ o Governo Temer consegue chegar ao final, mas sem nenhuma influência nas eleições de 2018. A Macroplan estima em 30% a probabilidade deste cenário.
O terceiro cenário é de sucesso parcial: o Governo Temer tira o Brasil da ‘UTI econômica’, implanta o teto dos gastos, emplaca uma reforma da previdência razoável, melhora o clima econômico e o Brasil acelera o crescimento a partir de 2018. A crise da segurança é contida, embora ainda exiba alguns ‘surtos’ (e sustos) ocasionais.
A fase mais aguda da crise econômica é superada, embora subsistam muitos obstáculos estruturais para um novo ciclo de crescimento sustentado, em face das resistências políticas a medidas mais drásticas e ao significativo passivo de problemas econômicos herdados. As dificuldades políticas decorrentes dos impactos da evolução da operação Lava Jato e eventos correlatos também criam embaraços a uma atuação mais desenvolta. A Macroplan considera que atualmente este cenário tem uma chance de 40%, sendo o mais provável para 2017-2018.
Finalmente, um cenário de sucesso amplo é avaliado pela Macroplan como o menos provável entre os quatro apresentados, com somente 10% de chance. O Governo Temer não somente reanima a economia, mas também viabiliza os ajustes econômicos e políticos essenciais e dá partida a um vigoroso ciclo de reformas, com grande melhoria nas expectativas econômicas, embora o saldo de desempregados ainda seja expressivo em 2018.
Fortalecendo-se, começa a enfrentar com desenvoltura e método a crise da segurança, impondo uma coordenação efetiva das iniciativas federais e estaduais para implantar medidas estruturantes. Esta mudança, em combinação com a reversão do ciclo econômico, leva o Brasil a retomar um crescimento forte a partir de 2018. Temer deixa um legado de grandes reformas, mas sua popularidade permanece baixa, pois os principais efeitos benéficos dessas mudanças só aparecerão no médio e longo prazos. Um cenário difícil de se acreditar na conjuntura atual, mas não totalmente impossível de acontecer.