O presidente Fernando Henrique Cardoso teve excelente, plausível idéia, reunindo candidatos à presidência da República para uma tomada de conhecimento dos problemas do Estado, nesta fase histórica, em que nos debatemos com uma crise, até há poucos meses inesperada. Os candidatos vão se defrontar com ela, tendo, portanto, que saber ao menos os grandes números, a complexidade dos negócios em andamento nas esferas do Estado, em suma, têm que saber o que se passa.
É a primeira vez que um presidente se dá ao trabalho, louvável por todos os sentidos que se faça a análise, de reunir os candidatos mais cotados nas pesquisas de opinião; essa sondagem que orienta o eleitor para as urnas no dia da eleição e lhes mostra o que é o Estado, o que foi feito, o que deve ser feito e o que precisa ser feito, sem mais demora, como, por exemplo, uma reforma parcial da tributação, adiada até hoje pelo próprio presidente, ou tinha outros planos.
Evidentemente, os candidatos não saberão de tudo o que é preciso para se saírem razoavelmente bem nos primeiros cem dias, os famosos cem dias copiados dos americanos, ao tomarem conhecimento dos problemas que lhes serão exibidos. Mas já terão uma idéia, ainda que perfunctória, dos problemas estatais, e não entrarão no Palácio do Planalto chucros, jejunos das questões nacionais, sobretudo quando economistas respeitáveis anunciam recessão nos próximos meses.
Louvemos o presidente por essa iniciativa. É como se faz, se quer o Brasil bem governado, à margem de disputas partidárias e de tendências ideológicas que já passaram de moda e fizeram muito mal aos países que as adotaram. É um costume monárquico, esse, em que os futuros governantes - veja-se o caso da Inglaterra - ficam sabendo, quotidianamente, dos problemas do Estado, para poderem governar no interesse do povo que os elegeu. Um progresso, portanto, concentra-se nessa solução.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 20/08/2002