Finalmente, o governo tomou a medida que só ele poderia tomar: o da recessão de crédito para fazendas na Amazônia. Debatemo-nos muito em favor da Amazônia, um pulmão ativo para mudar o ambiente do mundo, que vem sendo devastado pelos empreiteiros de obras e de terras.
Escrevemos vários artigos em defesa da Amazônia, procurando demonstrar que o governo assume características faraônicas quando precisa fazer uso de seu poder de decisão, limitando empresas que devastam terras rentáveis e valiosas, ainda não exploradas pelo próprio poder público.
Esperamos diante da imobilidade do governo para acabar ou limitar o avanço dos proprietários de terras sobre a Amazônia ainda virgem. Fizemos coro com toda a imprensa em favor da Amazônia, contra os lucros abusivos dos devastadores que se mostravam indiferentes no intuito de fazer lucro com a carne e a soja.
Por fim, o governo acordou ouvindo todos nós em campanha em defesa de uma terra continental que estava sendo abatida pelas picaretas da privatização, levadas a corresponder à ambição de fazendeiros, que não prestaram atenção em outros desmatamentos, que estão custando o sacrifício de gerações de brasileiros, que não podem reagir se não com protestos românticos que nada alcançam.
O governo existe para esses fatos e não para explorar as fraquezas políticas e econômicas que lhe são apresentadas por exploradores impatrióticos que não se importam em ver a terra devastada num momento em que brilha a estrela da ambientação favorável à vida humana.
O governo tomou a providência, que poderia ser mais enérgica, mas já é um começo plausível, restringindo créditos para fazendeiros da Amazônia. Sabe-se como são gananciosos esses devastadores, eles querem atuar com dinheiro público dos depósitos bancários à ordem do Banco Central.
Agora, com a restrição de crédito eles terão que se haver com seus próprios recursos e investimentos, e não com dinheiro retido à ordem do Banco Central. O problema da Amazônia não é, portanto, um problema local, mas sim nacional. Ele abarca todos nós em suas expansões, somos o que devemos compreender diante desta tímida medida governamental.
É o que temos a dizer!
Diário do Comércio (SP) 4/3/2008