Estamos assistindo, graças a sra. Marta Suplicy, a invectivas contra a integridade da democracia, para fazer levar o seu vício à demagogia, de que aquele e esta se ocupou o velho Aristóteles. Mas a demagogia - a sra. Marta Suplicy não sabe - é uma faca de dois gumes - perdoem-me ao lugar comum -, pode virar-se contra seu autor e, no caso de uma eleição, levá-lo a perder votos preciosos, quando se está na rabeira da corrida para a conquista de um cargo.
Está aí, para servir de exemplo, a afirmação sem nenhuma base que a vitória de Serra levará o governo do presidente Lula a não repassar verbas para São Paulo. Pois até o próprio presidente não gostou da afirmativa da sra. Suplicy Favre. O direito do Estado qualquer juiz reconhece e arma o prefeito de instrumentos legais para receber o que lhe legalmente devido. Não apareceu um assessor da prefeita para a esclarecer a respeito? Vê-se, por essa afirmação intempestiva, que faltam assessores para a prefeita.
Se na vida pública saques de demagogia, como esse, resultam em nada, provavelmente em favor do adversário, na vida econômica é diferente. Um saque sem fundo levaria o sacador ao protesto, e tem levado inúmeros, milhares, mesmo, que passam a integrar o acervo técnico do Serviço de Proteção ao Crédito. Sempre me bati contra a demagogia, o que me valeu, nos tempos passados, telefonemas azedos de Jânio Quadros e de outros políticos que eram demagogos na campanha política.
Na verdade, a prefeita já se sente perdida e quer animar Lula e demais petistas de alto bordo para que venham em seu socorro, antes que seja tarde, e já está ficando tarde, pois o dia 31, o dia das bruxas, o halloween está ao alcance dos eleitores, que vão decidir o destino de São Paulo, decidindo sobre quem deve assumir a prefeitura no Palácio Matarazzo. Pelas pesquisas, a sra. Marta Suplicy perde e essa hipótese a deixa raivosa, o que é compreensível em quem contava com a vitória.
Tribuna da Imprensa (São Paulo) 27/10/2004