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São do Ramo

 

Durante numerosos governos, creio que depois de 30, o Ministério da Agricultura era um lugar de despejo de apaniguados de políticos. Era regra que o Ministério não fazia nada pela agricultura, quanto mais não fosse para justificar o nome. Mas não ia além de uma denominação, que não atuava pela agricultura, e seus funcionários, protegidos de políticos com interesses eleitorais permanentes, contentavam-se em receber o salário no fim do mês, geralmente depositado em banco para facilitar o recebimento.


Por esse motivo, o Ministério da Agricultura não contava como peça da administração para estimular a agricultura, apoiá-la e tirar proveito de uma estrutura que apenas deveria ser lubrificada para dar resultados. Mas os governos passavam e ninguém se lembrava do Ministério, senão como descarga de protegidos políticos. Um destino verdadeiramente humilhante, até mesmo com ministros de boa cepa técnica, como alguns que passaram pelo Ministério, a exemplo de Fernando Costa e outros.


Mas, no Brasil acontecem decisões que dão certo sem que se esperasse tal dos escolhidos para a administração. É o caso do Ministério da Agricultura. Lula teve o bom senso de escolher para o Ministério o técnico Roberto Rodrigues, um agricultor de altos méritos e de serviços prestados à sua classe, como a Sociedade Rural Brasileira, da qual foi presidente. Foi o suficiente para estimular a agricultura e fazê-la existir como fonte de riqueza e de participação no PIB brasileiro. Caso típico de profissional.


O agricultor Roberto Rodrigues, de um lado, e o ministro Furlan, de outro lado, fizeram o Brasil emergir do sono agrícola e puseram os Ministérios que lhes coube a trabalhar. O resultado não poderia ser melhor. A produtividade agrícola aumentou consideravelmente, apesar das perturbações no campo praticadas pelo MST, que nada quer com a agricultura. Por seu turno, o ministro Furlan pôs-se a trabalhar pelas exportações e o resultado é o que estamos vendo: a balança comercial, graças aos produtos agrícolas, subiu consideravelmente. Bravo, pois, aos dois ministros, que são do ramo.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 12/01/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 12/01/2005