Leio que nos Estados Unidos está em operação providência para salvar bancos e tentar conter a crise financeira. A operação em questão, relativa à crise americana, tem vários aspectos a serem comentados. É o que fazemos aqui neste artigo.
Os EUA são tão grandes e têm uma influência tão discriminada que basta um espirro no Federal Reserve (o Banco Central americano) para contaminar com gripe o mundo inteiro, com apenas algumas exceções.
Qualquer alteração na economia americana, a sua repercussão é imediata nos países dependentes da grande potência. Foi assim na grande depressão em 1930, que alvoroçou toda a nação, e se expandiu para fora dos EUA e alcançou o Brasil no seu principal produto de exportação na época, o café. Foi assim também com a carne argentina e com outros produtos de diferentes países que contavam com o mercado americano para não perecerem.
Sabemos que o mundo mudou muito e que hoje tem uma dimensão que não tinha em 1930. Mas os EUA tornou-se o agente principal de uma crise que não foi anunciada, pois ela pegou o país a partir do problema com os financiamentos dos imóveis, obrigando o governo americano a desencadear a operação "salva bancos" para tentar contê-la.
Não estamos a salvo dessa tempestade que transbordou dos EUA para toda a Terra. Há poucas exceções, como a Alemanha, por exemplo, que pode escapar dessa borrasca com recursos próprios.
O assunto é sumamente grave, pois se forem fechadas as portas da importação americana isso terá impacto claro na economia brasileira, uma economia de mercado.
No passado, foram para as ruas milhares de operários, para quem as portas das fábricas foram fechadas e com isso até a Justiça sofreu, abalada que foi pelo solavanco geral – o que poderá ocorrer também agora, embora a situação hoje seja diferente em volume.
O mundo inteiro está à disposição dos EUA para tentar salvá-lo dessa crise que tanto reflete no nosso País, como reflete em todas as nações que dependem dos americanos para continuarem os seus negócios normais. Esta é mais uma crise americana que temos de enfrentar, o que não estava na cogitação de nossas autoridades.
Diário do Comércio (SP) 18/3/2008