Os escândalos da Petrobras e do mensalão foram gerados no mesmo ventre e quase com os mesmos pais. No segundo caso foi necessária a competência da jornalista Renata Lo Prete, que publicou na Folha a denúncia do ex-deputado Roberto Jefferson sobre a compra de votos no Congresso, com a finalidade de lubrificar a até então maior prova da corrupção instalada no governo petista: a fantástica base aliada.
Sem ser idêntico, o escândalo da Petrobras foi análogo ao do mensalão. O detalhe mais revelador do parto abominável foi a ignorância do governo, a começar por dona Dilma e sua corte, que juraram nada saber da compra de votos que o STF puniu até onde foi possível punir.
Encarregado por dona Dilma de negar a obviedade do caso, o ministro da Justiça, semana passada, ocupou espaço nas tevês jurando que nem a presidente, nem o papa emérito do PT (Lula), nem ele próprio de nada sabiam.
Mentira grosseira, só possível numa quadrilha criminosa. Os escândalos agora revelados foram denunciados por Paulo Francis num programa de grande audiência. A Petrobras, por intermédio do seu presidente de plantão, processou o jornalista, condenando-o a pagar uma fortuna em dólares. Confiando na Justiça norte-americana, que é severíssima para os casos de ofensa moral, o então presidente da nossa estatal, senhor Rennó, fez correr o processo nos Estados Unidos, pagando todas as despesas com o dinheiro roubado do povo brasileiro.
Não adiantou FHC e José Serra irem ao senhor Rennó para convencê-lo a retirar a ação. Francis morreu subitamente, em Nova York. Suas denúncias repercutiram na imprensa mundial. Mas dona Dilma e seu ministro da Justiça, como Lula no caso do mensalão, de nada sabiam. Bem-aventurados os que não sabem o que sabiam.