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Rugas & sorrisos

 

Existe um tipo peculiar de ruga, conhecido desde a antiguidade como o “ômega melancólico”. Fica no meio da testa e tem a forma da letra grega ômega. É uma evidência da melancolia, aquela tristeza filosófica que no passado caracterizava os espíritos superiores (hoje, falamos de depressão, que não é a mesma coisa). É muito curioso que a ruga faça alusão a uma letra e que é, a propósito, a última do alfabeto grego. Porque podemos dizer que as rugas são, em parte, a vida escrita na nossa face.

 

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Claro, há outros fatores. Com a idade, a pele fica mais fina e seca; a rede de elastina e de colágeno que dá firmeza ao tegumento diminui. Formam-se os sulcos que chamamos de rugas. Este processo é acelerado por vários fatores: a própria mímica facial – o rosto é a vitrine das emoções –, a radiação ultravioleta da luz solar, o fumo, o excesso de álcool. Por outro lado, vivemos numa época em que ninguém quer parecer velho. Daí a enorme quantidade de cosméticos que, alegadamente, revertem os efeitos do envelhecimento. Muitos deles transformaram-se em grife, em símbolos de status e custam muito caro. Mas funcionam?

 

Um trabalho publicado na Suécia é chamativo a este respeito. Oitenta mulheres de meia-idade foram divididas em três grupos. O primeiro recebeu um creme da moda em sua luxuosa embalagem, o segundo, um creme hidratante comum na mesma embalagem, o terceiro, o creme caro, mas numa embalagem comum. O resultado, cuidadosamente avaliado, foi igual nos três grupos. Conselho: nestes casos, como em outros, é melhor ter a orientação do dermatologista e não gastar dinheiro inutilmente.


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Sorrir dá rugas. É o que nos lembra a canção de John Williamson, apropriadamente intitulada Wrinkles (Rugas). Fala-nos do velho Bob, um homem que sempre viveu feliz com a família e no trabalho, e que, de tanto sorrir, desenvolveu rugas. E aí vem a pergunta: você deixaria de sorrir para evitar as rugas? Se a resposta é afirmativa, talvez valha a pena lembrar outro trabalho, desta vez baseado em fotos de mulheres com intervalo de 10 anos. Verificou-se que as sorridentes do passado de fato apresentavam as características rugas do sorriso – mas em geral tinham menos rugas, porque eram pessoas que viviam melhor, que tinham um estilo de vida mais sadio.


Sorriam, pois. As rugas são um problema menor.


Zero Hora (RS), 9/1/2010