"Habemus confitentem reum". Na primeira sessão do julgamento no Senado, quando se discutia o impeachment da presidente Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou indignada que aquela Casa (o Senado) não tinha moral para julgar a principal responsável pela crise generalizada que estamos passando. Teve lucidez bastante para omitir o pessoal do PT, inclusive ela própria e seu marido, que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato.
Uma ofensa generalizada, até certo ponto, não deve ser levada a sério. Em si, a primeira sessão que está julgando o impeachment da presidente Dilma foi uma lástima. Quase não se discutiu o motivo da reunião e, sim, as rixas partidárias, com o PT gastando toda a sua munição em desclassificar os adversários.
Lamentável, sobretudo, o duelo, felizmente verbal, entre dois senadores exaltados na defesa de suas posições. Conheço de passagem o senador Ronaldo Caiado, que entrevistei quando foi candidato presidencial na eleição que levou Collor à Presidência. Praticamente desconhecido, ele não teve mídia suficiente para se eleger.
Na revista em que eu trabalhava, estava programada uma entrevista com todos os candidatos daquela eleição. Parece-me que a única oportunidade que teve com um órgão da imprensa foi a minha entrevista, durante a qual o telefone móvel que ele levava avisou-o de que uma paciente que ele operara pela manhã estava precisando dele.
Caiado é médico, pediu-me desculpas e se retirou para atender aquela emergência, desperdiçando uma oportunidade de se dirigir ao eleitorado. Entre a profissão que exerce e a possibilidade de uma eleição presidencial, Caiado optou pela sua profissão de médico, desprezando uma carreira política da qual gastou somente cinco minutos na rara oportunidade de se dirigir ao eleitorado.