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A responsabilidade de Lula

 

Reconheçamos em Lula um político honesto, um paladino da ética, que ele não conhece nos seus fundamentos - presidente que se preocupa com a honra.


Nem de longe poderia ser comparado com aquele Trutesindo, antepassado de Gonçalo Mendes Ramires, da Ilustre Casa de Ramires , romance de Eça de Queiroz. Uma das personagens da evocação da nobre Casa diz de Trutesindo que ele, se praticasse determinada ação, ficaria mal com o reino e com o rei. Ao que respondeu o rico grande homem: "Mal com o reino e com o rei, mas bem comigo e com a honra" .


Não queiramos tanto de Lula, graças aos votos do presidente da República. Fiquemos, pois, na realidade medíocre de nosso país nesta altura dos primeiros anos do século 21.


Quando Lula assumiu o governo, bafejado pela esperança de grande parte dos brasileiros, criou ou aceitou e lhe acresceu, ao ministério antigo, mais um tanto, perfazendo 36, com numerosas vagas criadas para funcionários, assessores antes aspones, e secretárias, em quantidade condenável. O presidente Lula deu a impressão de que tinha que pagar a eleição com a nomeação de tantos funcionários quantos seus correligionários pedissem.


Sabemos todos, como dizia Aporely, o "Barão" de Itararé, que no Brasil não só os selos aderem. Tão grande o número de adesões que inflacionam o PT e, por via de solidariedade, o Palácio do Planalto, que deu-se a impressão de ser o Tesouro público.


O Estado Dinossauro cresceu mais do que tinha até então crescido, na esteira de sucessivas administrações. Não se deu atenção ao funcionamento da máquina administrativa, enferrujada há anos. Os próximos do presidente Lula viram que o chefe do governo não fazia reserva de seu interesse de premiar os aderentes com nomeações de compadrio.


Sucederam-se os saques, e do Palácio do Planalto, da Casa Civil, da presidência do PT e de outras furnas parlamentares não procediam recomendações de austeridade.


A campanha presidencial não sofrera oposição de medidas impeditivas. A Justiça Eleitoral não puniu o próprio presidente pelos gastos da campanha, e tudo ficou num azul profundo. Não agiram com abstenção de seus deveres os antecessores de Lula, que anunciaram, na posse, cortes de despesas, limitação do funcionalismo, afim de que a administração seja aprimorada. Agiam, mais ainda, os antecessores, prometendo rigor no exercício da presidência.


O presidente Lula, ao contrário, começou um governo de grande liberalidade de gastos que o Tesouro Nacional não pôde suportar, ainda que aumente a arrecadação fiscal, tornando o sistema tributário ainda mais iníquo e concorrendo para o assalto das ratazanas que acompanharam Lula, para que se locupletassem com os esbanjamentos, os gastos, e tudo o mais que caracterizou o começo do governo trabalhista ou falsamente trabalhista.


É onde destaco a responsabilidade de Lula.




Diário do Comércio (São Paulo) 03/08/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 03/08/2005