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Reforma eleitoral precisa ser adiada

 

A reforma eleitoral deveria ser feita após a eleição. São apenas dois meses para aprová-la praticamente sem debate. Foi votada com urgência na Câmara por uma manobra do presidente, deputado Artur Lira, e foram apresentadas propostas absurdas, como o distritão. Espero que o Senado não aprove, deixe o assunto em banho maria para discutir mais tarde. Torço para que não haja tempo de concluir essa PEC. A volta das coligações proporcionais é um retrocesso. Fará com que partidos nanicos, desestruturados, tenham uma sobrevida que não deveriam ter. Deveríamos caminhar para um processo de seleção de partidos, até chegarmos em 10, no máximo, para organizar melhor o sistema. E com as coligações, volta a possibilidade de partidos pequenos venderem horário de tv nas campanhas. O voto ranqueado, proposto na Câmara, é um sistema muito interessante, que já está em vigor em alguns lugares dos Estados Unidos. Ele evita a polarização e traz a possibilidade de um candidato que tenha maior consenso partidário se eleger. Mas merece um bom debate nos próximos anos para se mudar o sistema de segundo turno, que já se mostrou muito prejudicial em alguns momentos.

O Globo, 12/08/2021